quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Inícios de livros marcantes


"It was a bright cold day in April, and the clocks were striking thirteen." 1984, George Orwell

"Sou um homem doente... Sou um homem malévolo. Sou um homem repugnante. Acredito que o meu fígado tem uma doença. No entanto, nada sei sobre a minha doença, nem sei ao certo aquilo que me molesta. Não consultei nenhum médico por causa disso, nunca o fiz, embora respeite a medicina e os médicos." Cadernos do Subterrâneo, Fiodor Dostoievsky

"He—for there could be no doubt of his sex, though the fashion of the time did something to disguise it—was in the act of slicing at the head of a Moor which swung from the rafters." Orlando, Virgina Woolf

"O sol mostra-se num dos cantos superiores do rectângulo, o que se encontra à esquerda de quem olha, representando, o astro-rei, uma cabeça de homem donde jorram raios de luz e sinuosas labaredas, tal uma rosa-dos-ventos indecisa sobre a direcção dos lugares para onde quer apontar, e essa cabeça tem um rosto que chora, crispado de uma dor que não remite..."O Evangelho Segundo Jesus Cristo, José Saramago

"We were somewhere around Barstow on the edge of the desert when the drugs began to take hold. I remember saying something like 'I feel a bit lightheaded; maybe you should drive . . .' And suddenly there was a terrible roar all around us and the sky was full of what looked like huge bats, all swooping and screeching and diving around the car, which was going about a hundred miles an hour with the top down to Las Vegas. And a voice was screaming, 'Holy Jesus! What are these goddamn animals?'" Fear and loathing in Las Vegas, Hunter S. Thompson

"Yes, Sir. Certainly, it was I who found the body. This morning, as usual, I went to cut my daily quota of cedars, when I found the body in a grove in a hollow in the mountains." Rashomon - Ryūnosuke Akutagawa

E, claro, como não poderia deixar de ser...
"Quando Gregor Samsa despertou numa manhã na sua cama de sonhos inquietos, viu-se metamorfoseado num monstruoso insecto " A Metamorfose, Franz Kafka

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

O Conflito, Chomsky e 5 para a Meia Noite



Estava há pouco a ler o PDF disponibilizado no blog da LER com a entrevista de Carlos Vaz Marques a António Barreto, cientista social, cronista e figura política do nosso país – pelo menos até ao momento, já que por pouco não se naturalizava suíço. António Barreto fala com sabedoria da obsessão doentia pela imagem e da falta de silêncio para o pensamento num mundo onde tudo se quer instantâneo. Mas atentemos ao título chamativo «O Magalhães é o maior assassino da leitura em Portugal.» Não consigo evitar a voz interior que sugere “cá vamos nós outra vez”. Um rol de males que andam por aí a assombrar a juventude: as internetes, a tecnologia, o digital. Ocorreu-me o Miguel de Sousa Tavares a considerar o facebook o maior mal do século XXI no “cinco para a Meia Noite” do outro dia.
São considerações sobre os males da geração que nunca está correcta sobretudo quando é nova porque uma vez que é nova, isso significa que não é aquela que se considera como a de pertença porque pertencer é ser parte e é-se sempre mais correcto quando se é parte. A nova tem que criar necessariamente contrastes. É normal! Chama-se “conflito geracional” e não tem nada de pomposo. Aliás, é saudável! O conflito geracional é uma marca de dinamismo e expansão. A maior parte dos conflitos são saudáveis e então os geracionais é que o são realmente e quase não existem em Portugal. Quase não existem linguisticamente – que avó é que não sabe o que significa “fixe” e “bué”? Enquanto há realidades linguísticas em que o calão juvenil constitui por si só uma linguagem independente onde jovens e terceira idade não se entendem por um abismo de vocabulário – Inglaterra, França - essa sim é uma expressão bem mais imediata do conflito, a manifestação patente nas próprias palavras. Não estou a dizer que assim o deve ser, estou só a constatar. Muitos conceitos são ocos, muitas expressões são desagradáveis, mas na realidade o que ocorre é a transfiguração necessária e natural da linguagem que acompanha a transfiguração do mundo. Então eu disse que a voz interior me dizia “Cá vamos nós outra vez” mas isso é mentira, o que me veio realmente à cabeça foi “here we go again”. Veio assim, tal e qual. Então tive um pensamento em inglês para comigo mesma? Mas o inglês é a minha língua materna? Não. Nós pensamos em língua estrangeira? Sim, quando estamos a estabelecer um processo de comunicação nessa língua. Mas eu estou a estabelecer algum processo de comunicação quando penso comigo mesma? Não. What the hell is going on? Chomsky defendia que todos nós nascemos com uma “gramática universal”, ou seja, temos à priori uma disponibilidade biológica para preencher o nosso entendimento do universo com uma única língua. Toda a aquisição linguística posterior é, para Chomsky, uma aprendizagem que se edifica em redor da língua nativa, ou seja, uma permanente tradução. Mas será que a gramática universal não está realmente disponível para uma segunda língua quando não há a intervenção da interlíngua? Isto é, quando sinto necessidade de manifestar uma reacção a um estímulo onde a minha relação com a minha língua nativa já não me parece suficiente ou até mesmo quando adquiro formas de percepcionar a realidade com uma codificação nova que antes não era característica da minha experiência social? Bem, há aqui tópico para muita discussão, percepções socioculturais sobre a própria língua, o maior ou menor imperialismo cultural das nações, etc etc. Mas para não parecer que este texto não tem objectivo nenhum, é melhor focalizar-me: eu não encontro na minha realidade social o conflito suficiente e isso faz com os meus sistemas psíquicos recorram a uma abordagem estrangeira perante uma manifestação do mais biologicamente humano que pode haver: um pensamento. Isto explica a necessidade do inglês como afirmação de uma cultura jovem que em Portugal está esmagada entre a Praça da Alegria e as tunas universitárias.Mais conflito, obrigada. Mas deixem a internet em paz que as leituras online fazem-me imensa falta.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Pedro Mexia, Misoginia e Mamas



É tão engraçada esta ideia de que certos intelectuais e sensíveis poetas podem escrever e cogitar sobre tudo o que consideram de mais sublime e elevado do pensamento humano nos seus blogs e depois escrever posts nos quais elogiam preciosidades da ficção nacional como Morangos com Açucar cuja qualidade intrínseca da representação se equipara a bosta de cavalo só pelo simples facto de essas preciosidades serem mulheres e terem mamas e rabos riginhos e, claro, tirarem a roupa para qualquer fotografo. Não as censuro a elas (são actrizes de merda, têm que se vender de alguma maneira e usam o que têm ou o que arranjaram), mas censuro esta tentativa de tornar o comentário de trolha em algo aceite no meio intelectual. Sim, porque em vez de “és mesmo boa, tens aí umas mamocas bem jeitosas” eles ainda tentam dizer coisas como as deste exemplo do Pedro Mexia no seu novo blog "A Lei Seca" “Cláudia é a mulher true blue, que desarma pela simplicidade e ausência de pretensão." ou ""Aquele binómio cintura/glúteos está a ser estudado por Peter Zumthor para uma severa conferência em Basileia. "  Epá, o que tu queres dizer é que a papavas toda, já se percebeu a ideia… Eu gostaria de saber em que parte da sua imensa lucidez intelectual enquadra a perpetuação do modelo machista da mulher como um objecto sexual que se reduz ao seu físico e que, portanto, deve estar sujeita a tais apreciações enquanto um homem não tem necessariamente que atravessar qualquer processo ou corresponder a quaisquer critérios físicos até porque os homens estão ocupados a produzir algo de extremamente intelectual e engraçado e podem ficar gordos como pipos à vontade se isso os ajuda a escrever poemas melhores. Eu até acho que cada vez menos existem este tipo de blogs que volta e meia entre uma citação de Jorge Luis Borges e uma apreciação de um filme de Andrei Tarkovski colocam umas fotos da FHM, mas este Pedro Mexia quer mesmo ver se ninguém se esquece de ser parolo de uma maneira fina.

sábado, 26 de dezembro de 2009

Pai Natal from hell

Ainda que para muitas pessoas o Natal seja uma altura de ir à missa com regularidade (missa das 7h da véspera de Natal, missa do galo, missa da manhã de 25) há outras pessoas que aproveitam o tempo de férias para ficar em casa a ver filmes parvos. E nessa linha de ideias fica a minha apreciação a filmes natalícios – e não, não é um Sozinho em Casa - é mais tentar encontrar os filmes que tiveram a genial ideia de substituir o Santa Claus por um assustador e brutal assassino.

Tipo Gremlins, aquele filme que sai no Natal e que se vai ver em família para se descobrir que a coisinha fofa e peluda se tornou num incendiário pronto a arrancar a cabeça ao ser mais próximo. Parecendo que não, há muita coisa a explorar dentro desta temática de filmes de terror low-budget que decidiram revoltar-se contra a alegria geral da época das prendas e dos doces. Filmes como You better watch out de 1980 que mostra que o trauma de infância de descobrir que o Pai Natal não existe pode ter muitas consequências. Uma delas é tentar determinar pelas próprias mãos quem é ou não um menino bem comportado e acabar por matar violentamente os que não o forem, envergando as vestes de Santa Claus. Outro exemplo é Black Christmas de 1974 que conta a história de um assassino que anda por Montreal a matar pessoas à toa durante a altura do Natal, anunciando-se com chamadas telefónicas obscenas. É considerado o primeiro filme realmente slasher antes do primeiro Halloween de John Carpenter.

To All A Good Night também de 1980 é um filme que prova que a praxe é uma coisa má, como eu sempre defendi! Isto porque uma jovem morta durante um ritual de iniciação acaba por se tornar num espírito assassino sob a forma de Pai Natal que acaba por estragar uma festa de adolescentes. Esta ideia de Pai Natal assassino está também presente em Don’t Open ‘Till Christmas, british exploitation ao seu mais alto nível de estupidez, com gajas nuas que é uma coisa que interessa.. a homens… ou fufas, e portanto uma boa dose de sexismo e representações extremamente manhosas à mistura. Passando para os anos 90, para quem está dentro da cena de cinema de série B canadiano e conhece a Debbie Rochon de certeza que conhece o Santa Claws, o filme no qual o protagonista depois de matar a mulher e o amante que vestia um capuz de Pai Natal quando os encontrou a ter sexo, tornou-se ele próprio o assassíno-Pai Natal obcecado por uma actriz de filmes de terror.

O Silent Night, Deadly Night de 1974 é também um bom exemplo de filme de terror xunga mas só que já tem pouco ou nada a ver com o tema (apesar do título a isso levar). O Jack Frost (de Michael Coony, não o da Disney!!!) um entertaining flick hilariante onde um assassino é morto e o seu corpo juntamente com um ácido (!) fazem com que ele ressurja em forma de homem da neve assassino. O filme tem algumas linhas de diálogo de morrer a rir.
E assim ficam algumas sugestões para arruinar com o espírito amoroso da quadra. Eu quero lembrar os meus leitores que eu não sou efectivamente uma pessoa com disfunções mentais que coloca versos de Álvaro de Campos em balões de manga super-kawaii e links cor-de-rosa só para disfarçar o seu amor verdadeiro por gore B grade! Lol Ou será que...?

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Have a happy retro, vintage and victorian Christmas ! :D







Sim, porque se não fosse a rainha Vitoria e o Charles Dickens não havia Natal para ninguém! ^_^;

Os cus de Judas - ALA

Agora que a LeYa publicou uma edição de bolso de Os Cus de Judas de António Lobo Antunes, não há motivos para não ler esta obra de arte soberba da literatura portuguesa e universal. Deixo aqui um excerto e recomendo como prenda de natal económica! Ah... e outro dia vi na estão da Campanhã que a os livros de bolso da Leya estão a ser vendidos em máquinas automáticas... até já parecemos um país desenvolvido! :D Parece que os livros desta colecção serão lançados 3 vezes por ano: em Janeiro, Maio e Setembro... portanto, a ver o que vai calhar em termos de edição já para o próximo mês.




«Às quatro horas da manhã os espelhos são ainda suficientemente misericordiosos ou opacos para nos não devolverem o rosto amarrotado e encolhido das noites sem sono, que os olhos baços animam de desânimo pisco: o excesso de luz do aeroporto impedia-me de me confrontar nos vidros com a minha silhueta hesitante, inclinada como uma cana de pesca para o peixe gordo da mala, com a gravata que as muitas horas de avião haviam decerto desviado da bissectriz dos colarinhos, transformando-a num trapo mole como os relógios de Dali, com as rugas que se acumulavam em torno das pálpebras, à maneira dos vincos concêntricos de areia nos jardins japoneses; entre o homem que voltava sózinho da guerra à sua cidade e caminhava através de cachos de estrangeiros indiferentes, e nós que nos dirigimos para a saída do bar ao longo de um corredor de nucas e perfis cuja monótona diversidade os aproxima dos manequins da Baixa, petrificados em acenos imóveis de uma utilidade patética, há apenas a diferença insignificante de alguns mortos na picada, cadáveres que você não conheceu, as nucas e os perfis nunca viram, os estrangeiros do aeroporto ignoravam, e que, portanto, são inexistentes, inexistentes, percebe?, inexistentes, inexistentes como a sua ternura por mim, esse rápido sorriso sem afecto que quase não chega a nascer, a mão quieta que aceita com indiferença os meus dedos, a coxa inerte que a minha coxa ansiosamente prime. O seu corpo escapa-se-me como os membros se nos escapam com o sexto drunfo, independentemente de nós, flutuando gestos de polvo a que falta o arame de ossos, e por dentro da sua cabeça giram pensamentos indecifráveis de que me sinto expulso, condenado a permanecer, de pé e à espera, no capacho da entrada dos seus soslaios irónicos, à maneira, sabe como é, de uma lata de conservas de que não se tem a chave. Lembra-se dos pescadores de fim-de-semana da Muralha da Marginal, a estenderem toda a noite para o rio o anzolzinho obstinado e feliz? Pois bem, se você pousasse devagar a cabeça no meu ombro, se a sua anca friccionasse a minha até saltar, do encontro de ambas, a chama de sílex de uma erecção contente, se as suas pestanas humedecessem de súbito, ao fitarem-me, de consentimento e abandono, poderíamos talvez achar em nós o mesmo subterrâneo júbilo que a pele contém a custo, o mesmo denso prazer de expectativa e esperança, a mesma alegria que se alimenta de si própria como a manhã devora, nas suas pregas claras, o cintilante coração do dia. Poderíamos envelhecer perto um do outro e da televisão da sala, com a qual constituiríamos os vértices de um triângulo equilátero doméstico protegido pela sombra tutelar do abat-jour de folhas e de uma natureza morta de perdizes e maçãs, melancólica como o sorriso de um cego, e encontrar na garrafa de Drambuie do aparador um antídoto açucarado contra a conformação do reumático. Poderíamos friccionar-nos mutuamente os bicos de papagaio com bálsamo Menopausol, pingar em uníssono, no termo das refeições, as mesmas gotas para a tensão, e aos domingos, depois do cinema, graças ao último beijo do filme indiano do Avis, unirmo-nos em abraços espasmódicos de recém-nascidos, a soprar pelas dentaduras postiças bronquites aflitas de chaleira. E eu, deitado de costas no colchão ortopédico reduzido a uma tábua dura de faquir a fim de prevenir as guinadas da ciática, lembrar-me-ía do jovem saudável e ardente que há muitos anos fui, capaz de repetir sem azia o frango na púcara, para quem o horizonte do futuro não era limitado pela cordilheira dos Andes de um electrocardiograma ameaçador, a regressar da guerra de África para conhecer a filha, numa dessas madrugadas de Novembro tristes como a chuva num pátio de colégio, durante a lição de Matemática.»

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Melhores edições 2009


2009 foi um ano de muitas edições interessantes em PT, tanto de originais como de traduções de livros que já deviam ter sido traduzidos há mais tempo. Deixo aqui alguns bons exemplos... e os vencedores são:

2666 - Roberto Bolaño
O Mar em Casablanca - Francisco José Viegas
Caim - José Saramago
Escalpe - Amadeu Baptista
A Sul da Fronteira, A Oeste do Sol - Haruki Murakami
Um grito de amor desde o centro do mundo - Kyoichi Katayama
Mil Grous - Yasunari Kawabata
A Hora do Lobo - Jiang Rong
Nocturnos - Kazuo Ishiguro
A Morte de Bunny Munro - Nick Cave
A Montanha Mágica - Thomas Mann
A Fábula - William Faulkner
Invisível - Paul Auster
A Terra das Ameixas Verdes - Herta Müller
Diário de luto - Rolland Barthes
Grimus - Salman Rushdie

E há ainda muita coisa que foi editada este ano com a qual não tive contacto mas que merece atenção...sugestões são bem-vindas!

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

District 9

O Nostalgia Critic é o melhor amigo do AVGN (se não souberem quem ele é, tenham vergonha) e ele consegue dar expressão a pensamentos tão profundos como os desta review do filme District 9

sábado, 14 de novembro de 2009

Mother - Joon-Ho Bong


Gosto muito de Joon-Ho Bong (봉준호) como actor mas especialmente como realizador. Faz parte daquela linha de realizadores asiáticos com produção de qualidade que não é, de todo, mainstream mas que não é absolutamente impermeável à compreensão, sem muitos efeitos de obscurantismo de sentido para simular efeitos artísticos, que às vezes irritam um bocado sobretudo em alguns realizadores sul-coreanos que de tanto se quererem distanciar das comédias românticas tão populares no país, que acabam por fazer um oposto extremista. O último filme do realizador, “Madeo/Mother”, afasta-se da componente de acção do “The Host” e cai em aspectos mais realistas que relembram mais filmes como “Memories of a Murder” ou “플란다스의 개/Barking Dogs Never Bite”, o primeiro devido à recriação do ambiente rural e o segundo devido à exploração dos estados de espírito e de mente dos seus intervenientes. Embora cada um dos seus filmes sejam peças de arte distintas. Poderia classificar este filme como um thriller emocional de uma mãe em busca do culpado de um crime que é atribuído ao seu filho deficiente. Um conjunto de dúvidas circulam ao longo do filme onde as certezas do espectador são absorvidas pela empatia com a mãe que se revela também ela problemática a uma determinada altura. Mais um filme fabuloso de um dos maiores realizadores da actualidade e com uma interpretação simplesmente avassaladora de Hye-ja Kim (김혜자).

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

“Invisível”

Sinopse: Sinuosamente construído em quatro partes entrecruzadas, o décimo quinto romance de Paul Auster começa em Nova Iorque, na Primavera de 1967, quando o jovem aspirante a poeta Adam Walker conhece Rudolf e Margot, um enigmático casal francês. O perverso triângulo amoroso que rapidamente se forma, conduz a um chocante e inesperado acto de violência cujas consequências serão irreversíveis.

Três narradores contam uma história que se desloca no tempo, de 1967 a 2007, e no espaço, à medida que viaja entre Nova Iorque, Paris e uma ilha remota nas Caraíbas. Invisível está imbuído de fúria, de sexualidade desenfreada e de uma busca implacável por justiça. É uma viagem através das fronteiras sombrias entre verdade e memória, criação e identidade.


  Opinião:
O novo livro do escritor norte-americano tem sido aclamado pela crítica (ou pelo marketing) como um dos melhores ou o melhor de sempre escrito pelo autor. Para quem se familiarizou, no entanto, com a sua escrita no registo policial, este livro pode soar mais emotivo e intimista. E será que o autor tem tanto talento para este registo? Pois, na minha perspectiva, não tanto. Primeiro porque não consegue distanciar-se de nenhuma personagem que cria, todas as personagens são ele próprio ou fracções de si próprio e quando não são ele próprio são uma idealização daquilo que ele próprio gostaria de ser. Confuso?! Talvez mas é essa a sensação mais transversal do livro. Como o autor envereda por caminhos intimistas onde é necessário compreender os meandros do pensamento de cada personagem acaba por retirar às personagens um carácter mais naturalista, pois todas pensam como Paul Auster e agem como Paul Auster e é um universo que pertence unicamente ao escritor. Era bom que toda a gente no mundo fosse assim tão intelectual... É curiosa a relação de Gwen com Adam a marcar um claro ponto de fashionable sex nos best-sellers de ultimamente: o sexo incestuoso. Mas quando Paul Auster cai para um temperamento mais romântico, cai para um temperamento bem mais sexual do que o previsto, suponho. Um bocado de sexo, um bocado de diletantismo intelectual e voila! As suas descrições das personagens e do espaço que lembram Fitzgerald ou Hemingway continuam a registar o que de melhores influências tem o autor, mas os espaços em aberto na história, as questões que residem no ar, quem é ou não culpado e quem sai impune numa reflexão dostoiévskiana são sem dúvida os melhores aspectos do livro. A narrativa ou as questões ligadas à meta-narrativa também dão um toque original, dá para construir uma manta de retalhos mental. A ideia em termos de 'arquitectura' da narração é engraçada embora, na realidade, o autor podia ter-se esforçado mais para conseguir o efeito desejado. Para quem não leu o livro é difícil de compreender mas basicamente há um segundo autor dentro do livro que é ele próprio uma personagem que acaba por juntar vários segmentos do livro do primeiro escritor e no final de uma terceira autora para construir a narrativa. De um capítulo para o outro o primeiro autor quis contar a sua história mudando a pessoa da narração. A primeira na primeira pessoa, a segunda na segunda, a terceira na terceira. Acontece que fazer isto ou ter deixado a narração sempre na primeira pessoa era exactamente a mesma coisa porque não há um esforço para que a mudança de pessoa também distancie a narração da personagem, é sempre um narrador omnisciente e quando temos uma descrição na terceira pessoa que faz perguntas retóricas de dilemas como se tivesse dentro do pensamento da personagem, torna-se um mero jogo de formalismo que não acrescenta muito ao livro. A parte final com os registos no diário de Cécile são para mim um dos momentos mais interessantes do livro acabando com uma reflexão brutal sobre o colonialismo. Enfim, um livro que entretém e vale a pena ler mas deixa saudade de estilos mais antigos como em A Triologia de Nova Iorque.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Celebração do terror II: Zé do Caixão



Night of the living dead é um filme de terror independente filmado a preto e branco (por opção) de George Romero de 1968 é considerado um dos filmes de inauguração do terror e do gore como o conhecemos hoje, muito polémico e mediatizado devido ao seu conteúdo explícito que de facto, é muito explícito e macabro. Apesar de não ser o primeiro filme de Zombies é pelo menos um dos principais responsáveis pelo arquétipo de zombie na cultura popular e ainda tem uma série de críticas políticas ao período. Mas! E agora é que vem o ponto onde eu quero chegar, - já antes deste filme considerado tão pioneiro, já no Brasil tinham criado uma personagem de terror bem icónica de trash cinema absolutamente assombrosa e cujo conteúdo pioneiro ainda não é totalmente reconhecido... Refiro-me aos filmes de José Mojica Marins, e à sua personagem Zé do Caixão.








Á meia noite levarei a sua alma (1963) Esta noite encarnarei no teu cadáver (1967) Ritual dos Sádicos (1970)

Uma bruxa com uma caveira na mão começa por dizer para não ver este filme. O índice começa por agradecer a agências funerárias. O objectivo do Zé do Caixão é encontrar uma mulher que ele possa engravidar para poder dar sucessão ao seu demónio. A sua mulher não consegue engravidar e ele acredita que a namorada do seu melhor amigo é a mulher ideal para o efeito. Violada por Zé do Caixão, a rapariga quer cometer suicídio para regressar ao mundo dos mortos e levar a alma expurgada daquele que a violou. Durante a noite, Zé tem um pesadelo: a Morte leva-o a um cemitério, onde cadáveres saem das tumbas e o puxam para o inferno. Corredores de gelo, onde homens e mulheres ensanguentados são permanentemente torturados por carrascos do rei das trevas.
Zé do Caixão é sem dúvida um personagem de extrema crueldade onde os momentos de gore são bastante criativos e macabros. Com uma vincada tendência anti-cristo, há uma cena em que ele se põe a comer carne humana à janela enquanto vê a procissão cristã passar num dia santo. A sua catarse é feita através de um monólogo teatral e dramático onde o Zé desafia os poderes de Deus e a sua existência, tentando provar que só o Diabo existe. A trilogia prossegue com Esta noite encarnarei o teu cadáver.


Os filmes são a preto e branco à excepção do momento em que ele vai para o Inferno, única cena colorida no filme e podemos ver uma representação do inferno que consiste em vários órgãos e partes de corpos ensanguentadas coladas às paredes e tecto e que se movimentam ainda com vida.
Já no terceiro filme um psiquiatra injecta doses de LSD em quatro voluntários com o objectivo de estudar os efeitos do tóxico sob a influência da imagem de Zé do Caixão. O personagem aparece de maneira diferente nos delírios psicadélicos e multicoloridos de cada um, misturando sexo, perversão, sadismo e misoginia.
No site oficial é possível ver a biografia do Zé do Caixão, entre outras curiosidades.
Mais um exemplo de terror de outros tempos neste caso através de um clássico bem bizarro de exploitation do Brasil!

Aqui o site oficial do Zé do Caixão

Aqui um excerto da visão do inferno em Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Celebração do terror

Ok, nesta semana em que se aproxima o Halloween, vou deixar aqui no blog umas referências a cinema de terror de culto à moda antiga! Aqui ficam estas belas imagens que espero eu que tenham ou possam vir a provocar boas noites de intensos pesadelos.
O Gabinete do Dr. Caligari de 1920 de Robert Wiene é um exemplo do terror de outros tempos. Dr. Caligari, um famoso hipnotizador e o seu acompanhante sonâmbulo supostamente adormecido há 23 anos, predizem profecias que são cumpridas. Um filme imbuído na estética do expressionismo alemão, onde cada objecto material está sujeito a uma metamorfose que não é mais do que uma recriação da realidade, os delimitadores da realidade como paredes, portas ou janelas são deformados para tornar o ambiente num autêntico background de um pesadelo. Uma ideia que foi deixada muito de lado pelas tendências de mimética da realidade do cinema futuro e deixada apenas para algumas coisas muito experimentais. Acho que é uma pena porque podemos ter interpretações naturalistas e cenários oníricos, não me parecem coisas assim tão contraditórias e conseguem causar mesmo uma perturbação, um terror lírico. Uma verdadeira obra de arte.


 Um dos filmes mais terroríficos de sempre é o Nosferatu de 1922 de Friedrich Wilhelm Murnaum mais precisamente o Nosferatu, eine Symphonie des Grauens. É o filme que dá origem à noção de um dos maiores ícones do horror dos nossos tempos, o vampiro. Mas de facto não é um vampiro qualquer, este é o Drácula que Bram Stocker já tinha escrito em 1879, sendo portanto este o responsável pela criação da personagem. O livro que nos é dado a conhecer através das persongans que o escrevem é um dos clássicos mais geniais da história da literatura universal. Bram Stoker coloca o jovem Jonathan Harker nas funções de solicitador que tem que se desloca ao sombrio castelo de Vlades Tepes III, o Empalador, um aristocrata da Transilvânia cujo espírito tão cultivado demonstrava um aspecto obscuro na crueldade e sadismo pelo qual era conhecido. Por uma questão de direitos de autor, Murnau acaba por dar ao seu personagem central o nome de Orlok. É um filme brilhante em todos os aspectos que se ligam ao campo do suspense e do terrorífico, o ambiente e a atmosfera recriados são tão intensos que não importa se o filme é ou não mudo, pois tudo no filme parece ser o cenário de um macabro pesadelo.

A sombra a subir pelas escadas ou o vampiro que surge por detrás da porta triangular são imagens que não se esquecem. Werner Herzog fez uma adaptação do filme em 1979, Nosferatu: Phantom der Nacht, é também uma boa aposta para uma sessão bem medonha.



Suspiria de Dario Argento, 1977. Este também é um filme que incomoda bastante e eu penso que isso se deve à forma como o realizador pega na mise-en-scene e a transforma num jogo psicológico em forma de quadro visual. Eu que sou a defensora da importância da representação, como é que posso considerar que um filme onde a maior parte do elenco é francamente mau (como todos esses séries B com pretensões de giallo) como admitir que no fundo este é um bom filme? Precisamente pela criatividade visual e pelas opções da sonoplastia. A banda sonora é realmente muito boa e a construção das personagens não é má de todo, só é bastante mal representada sobretudo na primeira metade do filme. Enfim, análises técnicas à parte, é um filme assustador como o caraças, o grande momento da primeira rapariga morta pendurada pelo tecto, o momento em que a personagem cega é devorada pelo cão no meio da praça de Berlim (suposta metáfora ao nazismo) e o final que parece saído dos meandros de um pesadelo quando a americana por fim se encontra com a bruxa. É um filme que nitidamente influenciou posteriores barroquismos no tratamento visual de filmes como os de Tim Burton, etc. Mas acima de tudo são retalhos de horror que ficam a flutuar no inconsciente e voltam numa noite solitária de tempestade. :D
 The Evil Dead Trilogy é um clássico de Sam Raimi, que celebrizou Bruce Campbell como um protagonista-exemplo daquilo que é um bom momento de horror. De horror e de gore, ou seja, violência representada graficamente. É um dos filmes que trouxe muito ao actual cinema americano de terror, nomeadamente na utilização sábia do susto e no enquadramento do suspense. É um típico huis clos (ou em inglês um No Exit) onde as personagens vão passar férias numa cabana isolada no meio do mato. No primeiro filme, quando o grupo de americanos descobre um velho gravador de som que relata as experiências do antigo proprietário da casa e as suas visões de terror ao ver os demónios possuírem a mulher, remete-me para o recente “Rec” de Jaume Balagueró e Paco Plaza, quando os protagonistas encontram uma gravação semelhante no sotão do edifício onde ficaram presos devido a uma infestação se zombies. Uma referência que eu acredito ser uma homenagem dos realizadores.
Em Evil Dead, quando as pessoas ficam possuídas temos uma das mais macabras caracterizações de horror da história do cinema, uma visão autêntica de um corpo em decomposição ambulante. Também é o primeiro filme e possivelmente dos únicos onde uma mulher é violada por uma árvore. Portanto, também há aqui grande material e grande potencial horrorífico.

Aguardem pois ainda vem mais! (Pelo menos se eu tiver tempo para escever...:P)

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

A SEXTA GERAÇÃO 第六代


“Estamos mortos?”, “Não, isto é apenas o início.” São as últimas frases dos protagonistas de Shijie, traduzido significa “O Mundo”, o filme de Zhan Ke Jia (贾樟柯) que conta a história dos bastidores do World Theme Park em Beijing (http://www.beijingworldpark.com.cn/) um parque temático onde se podem visitar os monumentos mais populares de todo o mundo..sem sair de Pequim. O filme incide no sentimento de que visitar o mundo sem sair de Pequim deixa uma sensação amarga, sobretudo para os inúmeros trabalhadores daquele sítio que afinal, nunca foram a lugar algum. É assim que morrem os seguranças quando não conseguem mais de 200euros por mês e tentam por outras vias alimentar as famílias, é assim que se morre nas fábricas onde se trabalha por sobrevivência. Mas na realidade será sempre o início, o início da recuperação económica, o início da urbanização, o início.



Obviamente que são filmes de denúncia. A sexta geração é uma geração realista no sentido artístico do termo, no sentido de Courbet. Longe dos Estúdios Hengdian e dos orçamentos colossais com pequenos palácios de verão e cidades proibidas em pela província de Zhenjiang, a sexta geração é uma geração reflexiva sobre a condição humana e os desenvolvimentos políticos ao longo da história do país. Estão na realidade associados ao espírito do Neo-realismo Italiano no cinema pelo recurso a não-actores nos filmes, pelo improviso e pelo carácter dúbio na impressão da realidade no cinema. Sexta geração é sinónimo de cinema independente. Ainda que Li Yang (de “Mang Jing/Blind Saft” e “Mang Shan/Blind Mountain”) diga que “Não existe uma sexta geração” porque afinal não há uma oposição assim tão brutal àquela era a quinta geração. E é um facto.


Se olharmos para os trabalhos iniciais de Zhang Yimou “我的父亲母亲/Caminho para casa” ,“一个都不能少/Nem um a menos”, ou para “有话好好说/Keep Cool” encontramos o mesmo tipo de temáticas, o mesmo tipo de técnicas que eram usadas numa altura em que o seu cinema era essencialmente mais independente. Da mesma época também Tian ZhuangZhuang “小城之春/A primavera numa pequena cidade”, “吴清源/The Go Master” embora este último se foque com mais intensidade as memórias da revolução. E sinceramente acho que é mesmo neste aspecto que a sexta geração se afasta, não se afastando de uma forma brutal porque nada na sociedade chinesa ou na história da China se pode afastar de uma forma muito cabal do período da revolução, ainda tão recente, ainda com tantas repercussões e ainda sem uma ruptura total, para além da económica. Mas afasta-se na medida em que, precisamente, já não fala de memórias, mas antes de heranças, de legados e de vestígios que entram num conflito brutal com a abertura económica da China.


Frases como “Na china o que não falta são pessoas.” surgem com frequência na boca das mais diversas personagens, estou a lembrar-me do Shijie do Mang Jing, mas certamente apareceu em muitos outros. Há naturalmente efeito metafórico, esta é uma frase tipicamente usada por economistas e no entanto aqui surge ela num contexto em que se quer pensar o humanismo. O muito significa o barato o que faz com que até a vida humana não tenha muito valor.


Porque esta é uma geração de realizadores que nunca viram ninguém morrer à fome mas que que vêem os seus filmes serem proibidos no seu próprio país enquanto obtêm as mais sumptuosas menções na Europa ou na América, filmam na maioria das vezes de maneira ilegal, vivem no estrangeiro (ou viveram durante algum tempo) e acima de tudo querem... ser parte integrante da história da China. E não, não há necessariamente uma contradição. É um sentimento ambíguo de expatriação e espírito crítico, introspectivo, mas nunca estupidamente arrogante ao ponto de não compreender a forma como se pertence inevitavelmente a um lugar e como esse lugar deixa legados, heranças na formação do desenvolvimento individual e como esse legado intimista quer repercutir o colectivo, alertando-o, apelando aos seus sentidos, fazendo um cinema visceral, corrosivo que fala da identidade cultural e da personalidade colectiva do povo chinês tal como ela é.

 Como o recém-estrado em Portugal 落叶归根/Regresso a casa de Zhang Yang.A simplicidade da história ganha uma dimensão avassaladora na interpretação de Benshan Zhao (Happy Times, Keep Cool) e em todo o formato realista do filme. Todas as personagens com quem o personagem principal se cruza são personagens tipo que reflectem um tipo de atitude mais ou menos confucionista, mais ou menos taoista ou absolutamente materialista, naquele que é o estado das várias morais na China de hoje - um misto de identidades de várias origens geográficas com condicionamentos históricos e políticos.


Na minha perspectiva há dois realizadores altamente representativos do espírito da Sexta Geração. Um é Wang Xiaoshuai com "冬春的日子/The Days”e "十七岁的单车/Beijing Bycicle”, o primeiro que foi uma lufada de ar fresco que veio dar ares do início de uma geração que ainda existe e que ainda se quer afirmar, precursor do seu movimento, reflectindo o estado de uma nação cortada em pedaços deixando à sola um espírito materialista incontrolável que acaba por penetrar como uma repressão de um mau momento que acaba por ter consequências concretas no corpo social.


O outro é Yu Li e o seu 苹果/Lost in Beijing que conta com as poderosas interpretações de Tonny Leung Ka-Fai (não confundir com o Tonny Leung Chiu Wai), assim como com Binbing Fan vinda de Hong Kong mas sem que lhe falhe o mandarim e o recém-fenómeno do cinema chinês Tong Dawei, que mesmo estando envolvido em filmes proibidos onde há cenas de nudez e de sexo (e que não são filmes da terceira categoria -feng ye- de Hong Kong) ainda assim foi convidado para o elenco de Chi Bi/A batalha de Red Cliff, e foi o protagonista de uma das séries de maior sucesso televisivo no continente, Fendou(奋斗). Sem dúvida é um filme que reflecte o dia-a-dia com uma verosimilhança impressionante. Qualquer pessoa que tenha estado na China já viu imensos trabalhadores, imensos 'laoban' (patrão em chinês) que se parecem com a personagem de Ka-Fai ou trabalhadores nas construções que vêm de províncias distantes da grande cidade onde se encontram.


Outros a ter em conta: Zhang Yuan com “北京杂种/Beijing Bastards” e “East Palace, West Palace”, Lou Ye do qual destaco o 頤和園/Summer Palace.  Mas a sexta geração não se fica por aqui, é um emaranhado de prémios pela Europa e de proibições na China, sem esquecer mencionar que essas proibições são meramente formais já que em qualquer esquina onde se vendam DVDs piratas, podem encontrar-se os filmes todos (eu comprei a maioria dos filmes que tenho nesses sítios, e encontrei tudo o que não estava oficialmente em circulação).


Relembro que esta designação geracional é aplicada a realizadores da China continental que utilizam essencialmente o mandarim (que é aliás uma outra reflexão recorrente), o que ainda exclui uma infinidade de possibilidades, como cinema de Taiwan e Hong Kong.

Conclusão, há muito mais cinema do que aquele que se pensa. Nos dicionários de cinema que se encontram por aí ainda há pouca ou nenhuma atenção dada à Ásia o que é uma pena. O cinema não se esgota num ou dois continentes. Felizmente!

sábado, 17 de outubro de 2009

domingo, 11 de outubro de 2009

Feeling retro: Patrick


Ei, ver este vídeo (post anterior) do QT a dizer "eu baseio os meus filmes em filmes que vi em criança" fez-me reflectir sobre algo - embora na realidade o vídeo é hilariante por causa da forma agressiva como QT responde e como vive em fidelidade aos valores que transmite na sua criação :D.

O filme Patrick de 1978 de Richard Franklin conta a história de um homem que fica em estado de coma depois da morte da mãe e do amante por choque eléctrico enquanto tomavam banho de imersão. A sua única acção é cuspir de forma involuntária (cena que relembra largamente o momento em que a Uma Thurman acorda e cospe do coma no Kill Bill, nítida influência).Quando uma jovem enfermeira se muda para o hospital onde se encontra Patrick, ela começa a sentir que o enfermo comunica com ela através de poderes telepáticos e influencia acontecimentos na sua vida. Obras destas suscitam a curiosidade de ver mais filmes desta época de Australian New Wave. Mas fica a questão, será que viver o retro tem que acartar por definição uma relação com uma experiência que nos faz eco porque a atravessámos no passado e sentimos nela uma nostalgia latente, uma reminiscência sensorial que nos toca ou numa época em que a maturidade cognitiva e de pensamento das novas gerações tem que ultrapassar uma localização espacial e temporal, “redescobrir” fará todo o sentido?

Porque é que Tarantino é o maior?

Vídeo com o Tarantino a discutir com uma senhora que estava um bocadinho fora de contexto... Hilariante! :D

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Morto durante a praxe e médico que denuncia situação suicida-se

Para o tribunal de Famalicão, lembra o MATA (movimento anti tradição académica) em comunicado, a Universidade Lusíada “não controlou nem evitou as praxes académicas", apesar de ceder espaço e subsídios a quem as fez. Em Junho, já tinha considerado como provado que Diogo Macedo morrera ao ser atingido na “nuca” com uma revista nas instalações do estabelecimento de ensino onde estava a participar num ensaio da tuna. O relatório da autópsia revelou que o estudante sofrera uma “fractura da primeira vértebra cervical, arco posterior, com hematoma extenso no cerebelo direito”.

“Tradições imaginárias”

Diogo Macedo andava no 4.º ano do curso de Arquitectura, mas nunca passara de caloiro na tuna. Era alvo frequente de praxes por parte dos alunos mais velhos.

Na noite de 8 de Outubro de 2001 estava na universidade, perdeu os sentidos e foi transportado para o hospital de Famalicão. Esteve em coma alguns dias. Morreu sete dias depois.

No dia do funeral, a 16 de Outubro, a cerimónia foi interrompida por um oficial de justiça. Um médico do Hospital de São João lançara a suspeita de que Diogo teria morrido na sequência de uma praxe. A autópsia então feita revelou as lesões fatais. O médico que fez a denúncia suicidou-se pouco depois.

As testemunhas ouvidas durante o processo contaram que Diogo foi praxado e, a certa altura, agredido com uma revista no pescoço. Mas pouco mais.

O MATA lembra que dois elementos da tuna chegaram a ser constituídos arguidos, mas numa das sessões de tribunal em que as testemunhas estavam a ser ouvidas “o próprio juiz reconheceu o ‘muro de silêncio’ que tinha sido criado”. O caso foi arquivado.

A mãe do jovem estudante, Fátima Macedo, nunca se conformou. Avançou com uma acção cível em 2007. Pediu 210 mil euros à Minerva, a fundação que detém a Lusíada. Esperava que durante o julgamento acabassem por surgir novos dados que permitissem a reabertura do processo-crime.

“À semelhança do que se passa noutras instituições do ensino superior, é evidente a conivência entre direcções e grupos de estudantes que têm como base a hierarquização, submissão e proliferação de comportamentos repressores e inerentemente violentos”, diz o MATA. “Não podemos perpetuar estas ‘tradições’ imaginárias que se apoderaram do vazio cultural e intelectual que tem caracterizado as escolas nestes últimos anos.”



Ahh ok, então e agora o processo é arquivado e não se pode fazer nada? Há nitidamente um caso de uma máfia que acaba por assassinar ou fazer 'suicidar-se' o médico que denuncia os meninos da praxe e ninguém acha isto estranho? Deve ser como os casos das miúdas violadas que acabam por ser sempre as culpadas porque o pessoal se une para denfender os colegas de praxe. Assim vai a justiça neste jardim à beira-mar plantado... já que toda a gente sabe que a areia é um terreno altamente infértil, não é mesmo?

domingo, 27 de setembro de 2009

Metric

Sick Muse, Fantasies



Fantasies is the fourth album released by the Canadian indie rock band Metric. It was released on April 7, 2009. In the U.S. it debuted at #1 on Billboard's Top Heatseekers, and peaked at #76 on the Billboard 200. In Canada it debuted at #8 on the Canadian Albums Chart and peaked at #6. In Australia, the album debuted at #48.


"Help I'm Alive" – 4:46 (Emily Haines)
"Sick Muse" - 4:17 (Emily Haines)
"Satellite Mind" - 3:42
"Twilight Galaxy" - 4:53
"Gold Guns Girls" - 4:05
"Gimme Sympathy" – 3:54
"Collect Call" - 4:46
"Front Row" - 3:34
"Blindness" - 4:26
"Stadium Love" - 4:13


sábado, 26 de setembro de 2009

"Eu não comento política..."




Manuela Ferreira Leite disse uma vez que foi a pressão que a fez candidatar-se a líder do partido e futura pretendente a primeira-ministra, ou seja, que não foi ela deliberadamente que teve vontade de o fazer. Ora bem, isso nota-se. Esta foi a pior campanha política do PSD desde que me recordo de assistir a campanhas políticas e, acreditando no meu conhecimento histórico, possivelmente desde sempre. Sejamos coerentes, a mulher não tem “jeito”, vá. Não sabe comunicar, acaba por não conseguir conjugar verbos devidamente ou deixar de gaguejar sempre que tem os meios de comunicação à sua frente. Ok, não ter capacidade de comunicação não tem que ser forçosamente o mais relevante embora seja um aspecto crucial de alguém que se designa por político e a senhora já tem idade para ao longo da sua carreira ter vindo a desenvolver estes aspectos da sua conduta que não eram tão favorecidos, uma vez que sempre foi alguém com pretensões para tal. A mulher nunca comenta. Todos os dias quando ouvimos as notícias ouvimos sempre dizer que Manuela “não comenta” alguma coisa que esteja na ordem do dia. Ferreira Leite não comenta programa eleitoral socialista. Manuela Ferreira Leite não comenta caso das escutas. Manuela Ferreira Leite não comenta alegada compra de votos do PSD. Manuela Ferreira Leite não comenta «assuntos particulares» da Presidência da República. Alguém consegue mesmo saber o que raio é que esta mulher pensa sobre coisa alguma? O que eu acho realmente impressionante é que durante os debates políticos televisivos uma coisa ficou explícita: a imprensa vota PSD. Recordo-me de assistir ao debate Ferreira Leite/Louçã. Louçã com toda a força argumentativa que a lógica lhe cede na defesa das políticas de esquerda, que são, naturalmente, compreensíveis por todos e mesmo a força persuasiva que tem quem idealiza sem nunca ter tido que cumprir nada, fez um K.O. argumentativo brutal à senhora que mais não conseguia do que chegar, inclusivamente, a concordar com parte da campanha política que Louçã estava a desenvolver...para o BE, não para o PSD. O que é realmente impressionante nisto tudo? Ver que apesar do debate se ter todo centralizado essencialmente em política económica, de uma maneira geral os jornais vão colocar um título na notícia como “Ferreira Leite defende a família” referindo-se àqueles 15 segundos em que Louçã dizia defender o casamento homossexual (uma questão de valor que, diga-se, acaba por ser secundária face aos verdadeiros problemas políticos do país, mas enfim). Mais do que isso, os jornalistas criam as posições e os argumentos da Ferreira Leite que ela não soube sequer transmitir, ocultando completamente todo o discurso altamente persuasivo do Louçã. Depois no dia a seguir no Opinião Pública ainda vemos pessoas que dizem que Louçã seria o próximo Kim Jung Il caso pudesse... bem, não o dizem assim porque provavelmente não sabem o nome do líder Norte Coreano, mas basicamente dizem que qualquer PM à esquerda do PS tornaria Portugal numa ditadura militar comunista. Interessante.
Bem, mas então como é que os jornalistas sabem quais são as posições da MFL mesmo quando ela não as conseguiu expressar por muito que tivesse tentado? Ah, talvez tenham lindo o mini-programa eleitoral, o programa de bolso que cabe numa página A4 e que tem como premissa “Ah... nós não vamos poder fazer muito, aguentem-se”. Aguentem-se enquanto somos fábricas para a Europa, aguentem-se que é assim que se criam países ricos... no resto da Europa..., aguentem-se porque é assim que nós somos, pequeninos e insignificantes e a resignação é o primeiro passo para a aceitação. Quando tenta vir com uma nova ideia brilhante de campanha consulta algum assessor que lhe diz para murmurar palavras como “asfixia democrática” ou “isto, sim, na Madeira, é que é uma democracia como deve ser” ou então dentro desta temática o facto de ela ter afastado da sua hipotética elaboração de governo nomes como Pedro Paços Coelho ainda que em termos de número do partido e qualificações fosse prioritário. Para além dos fabulosos slogans nos quais ela não vai hipotecar Portugal. Aos espanhóis? Já percebemos que não gosta de espanhóis e que como diria o Pacheco Pereira ela tem liberdade para o dizer em pleno debate televisivo de uma forma altamente xenófoba, da mesma maneira que o PNR tem direito a ter panfletos que dizem “A coisa está a ficar preta”. Ainda assim, nos slogans de panfleto de campanha acho que ela tem muito mais frases do que aquelas que são realmente passíveis de se ouvir. Enfim, uma campanha absurda que leva qualquer português saudável a não votar PSD a menos que esse português seja, talvez, um professor.
Qualquer outra questão? Não sei, não comento.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Resenha de cinema: Inglorious Basterds

Baseado na obra italiana de 1978 de Enzo G. Castellari, Inglorious Basterds traduzido por “Sacanas sem Lei” é uma ode de vingança passada na Europa. Saltando a sinopse, deixo apenas uma apreciação.



Num ambiente glamoroso de Segunda Guerra Mundial onde a violência se assimila com os mais intensos jogos psicológicos, Tarantino traz-nos a sua mais recente peça de arte. É coerente acrescentar um filme de guerra à sua cinematografia e no entanto, há um claro travo de ousadia. Reinventar a guerra remexendo em assuntos como a Alemanha Nazi e o Terceiro Reich é algo delicado e no entanto foi feito com mestria e sem medo. Depois da inconsequência que foi Death Proof na cinematografia do realizador, Inglorious Basterds é um filme que revela crescimento e coerência temática na jornada que é a procura “ingloriosa” da vingança. E porque falo em 'crescimento' ou amadurecimento? Porque há uma dedicação ao diálogo, característica, à lá Pulp Fiction mas agora a segmentação, ainda que evidente, tem uma finalidade própria, já não há espaços vazios de reflexões contemporâneas e triviais largadas a flutuar no plano da acção. Esta fórmula teve o seu impacto mas não poderia repetir-se de obra para obra. As personagens são construídas de forma deliciosa, com tanto de tipificação e estereótipo como de densidade psicológica.
Algo que acho curioso é ler várias reviews que apontam Brad Pitt como tendo uma das suas piores actuações de sempre. Motivos? Dizem que tem uma representação quase caricatural. Mas vamos lá ver... não é mesmo assim que são desenhadas as personagens de Tarantino? Como se em linguagem de manga de um Shonen se tratasse com todas as personagens cliché que a isso se tem direito quando se consome algo do género? Pois é, eu acho que quem não aprecia a tipificação das personagens não deve apreciar Tarantino de uma maneira geral...Para além do Brad Pitt e do seu bando de 'basterds' destaque para a fabulosa actuação de Christoph Waltz como coronel Nazi de temperamento intelectual e romântico e perigosa mente estratega. O paralelismo guerra/cinema, o ambiente multi-linguístico fazem do filme uma obra de arte requintada para apreciadores do género. Ingredientes típicos? Claro que sim, humor, violência gráfica (com um final que é uma espécie de sobremesa calórica), manta de retalho de diálogos, a violência estética e um tratamento de western. Uma vingança tenebrosa onde quem vence não deixa de demonstrar um lado psicótico.

Caloiro! Olhar para o chão!

Vou deixar aqui o texto que escrevi para um grupo de intervenção cá da universidade. Porque por vezes é preciso algum panfeltismo. Enjoy!

«Já me aconteceu pôr umas quantas caloiras a chorar.» dizia um senhor 'doutor' que ainda não era licenciado a quem tratavam pela estranha nomenclatura religiosa de 'cardeal'. Estava numa reunião de comissão de praxe e as façanhas levadas a cabo por este estudante que há mais de 8 anos tentava licenciar-se em direito eram apreciadas e admiradas pelos alunos de um futuro terceiro ano que iam iniciar-se nas tarefas da praxe e recebiam instruções para tal. «Fazia-lhes praxe psicológica, contava piadas mas depois não as deixava rir» dizia o 'cardeal' com um ar profundo e experiente. E continuava com os seus feitos: «...e fiz uma aula fantasma em que fui tão lixado com umas alunas que elas desataram a chorar».


Assim tentava eu compreender os contornos desta tão proclamada 'tradição académica' que tanta gente faz questão de manter como se, afinal, o papel da juventude fosse 'manter as tradições', também podíamos manter aquela tradição da idade média de matar os ladrões à pedrada, já agora?

Mas os fatos são bonitos, confesso, ficam estéticos e dão aos rapazes um ar romântico. Claro que o romantismo se perde quando pedem aos seus “súbditos” que entoem algum tipo de cântico de teor obsceno, mas isso já serão segundas considerações...

A universidade é na sociedade um antro máximo de conhecimento e encontra-se no fim da escala evolutiva do percurso escolar. Seria de se esperar que este estatuto facultasse alguma responsabilidade que ultrapassasse um mero comportamento animalesco de teor hierárquico com nuances militares?

Bem, mas também estou a ser uma exagerada, não é verdade? Afinal, «só vai quem quer» mas continuam que «caso não vás, podem acontecer-te inúmeras situações de exclusão: não entras no bar universitário, não participas em coisas relacionadas com a academia...», há quem chegue a dizer que não entras no enterro da gata, etc. Ou seja, primeiro temos uma falsa brisa de liberdade e carácter facultativo que vem logo depois ser contrariada por uma completa ameaça que, para um miúdo ou miúda vindos do secundário meio perdidos com o tempo e o espaço, até pode ser tomada a sério. Pode ser tomada a sério caso o pobre pupilo não se recorde naquele instante que vive num Estado de Lei e que ninguém o pode, de facto, impedir de fazer seja o que for que condicione a sua liberdade enquanto cidadão. Claro que os jogos de intimidação colectiva e ostentação de poder pelo qual muitos dos alunos que decidem não participar na praxe são forçados a passar é uma opressão aberrante que só realça os piores aspectos desta suposta forma de integração.

Sim, porque «a praxe integra» quando não se tem maturidade para interagir fora de um esquema pré-definido que passa pela humilhação dos recém-chegados e a integração em códigos específicos e restritos do grupo, sujeitando-se a fazer tudo o que não vai e o que vai contra a sua própria natureza individual. Assim, os recém chegados estudantes que pensavam que se estavam apenas a inscrever num curso universitário descobrem que entraram também para um sistema alternativo de comportamento social.

Como posso ler num panfleto de um grupo de alunos da Universidade do Porto que se preocupam há mais tempo com estas questões: “Na realidade, existem mecanismos de coacção que, embora subtis, são suficientemente eficazes para que @s alun@s do primeiro ano se sintam “obrigad@s” a participar nos rituais praxistas. Ao mesmo tempo que @s praxistas afirmam que tod@s são livres de ir ou não à praxe, ameaçam quem quiser optar por não ir com a ostracização e a segregação académica. A escolha coloca-se assim entre ir à praxe e ser “da malta” ou não ir e ser “anti-praxe”, como se entre o preto e o branco não existisse uma infinidade de cores. A confusão afectiva d@s nov@s alun@s serve o mesmo objectivo, havendo uma oscilação constante entre momentos de camaradagem (nomeadamente nas festas) e de humilhação. Por outro lado, quando algum/a alun@ do primeiro ano mostra vontade de sair da praxe,@s que outrora @ humilharam transformam-se subitamente em seus/suas amig@s, situação que se reverterá num futuro próximo.” escrevem os antípodas (http://www.antipodas.web.pt/ )

O imperativismo social é um aspecto sociológico presente em vários aspectos da nossa sociedade e acredito que a praxe seja apenas um deles, fazendo-nos muitas vezes seguir tendências por questões de mimetismo. Os mitos da ‘exclusão’ são autênticas balelas e só te cabe a ti gerir os teus relacionamentos da forma que bem o entenderes. Mas uma coisa é certa, se há pessoas que deixam de se relacionar contigo por tomares as tuas próprias decisões, será que são mesmo pessoas com quem valha a pena relacionares-te ou até no fundo isto será um filtro que te poderá dar a conhecer o carácter das pessoas à partida?


quinta-feira, 3 de setembro de 2009

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Pedro e Inês no Japão

"Inês de Castro" Adaptada ao Teatro Tradicional Japonês A história de "Inês de Castro" foi adaptada ao cânones de um tipo original de teatro japonês pela companhia teatral "Takarazuka Musical" (que conta com um elenco totalmente feminino) e subirá à cena no Big Hall do "Nihon Seinen Kaikan" (mapa abaixo), entre 30 de Outubro e 5 de Novembro, com o patrocínio da Embaixada de Portugal/Instituto Camões. Os bilhetes serão postos à venda no dia 27 de Setembro através dos sistemas Ticket Pia (http://pia.jp/t/, P Code 390651), CN PlayGuide (http://www.cnplayguide.com/), Lawson Ticket (http://l-tike.com/, L Code 39663) e Eplus (http://eplus.jp/), bem como no próprio Teatro.


Não sei porquê más há qualquer coisa que me fascina no Pedro e Inês japoneses...

New favorite quote

"I am being dragged into the 21st century, with its meaningless logos and ironic veneration of tyrants." by Mark (4th season of Peep Show) :D

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Au Revoir Simone & Arctic Monkeys

@http://www.fnac.pt/


Erika, Annie e Heather, as Au Revoir Simone, que actuam dia 5 de Outubro na Aula Magna em apresentação do terceiro disco de originais, "Still Night, Still Light". Com uma conjugação única de electrónica, indie e pop, complementada com vozes angelicais, as Au Revoir Simone granjearam desde o início o reconhecimento do público e da crítica, onde se incluem alguns ilustres como David Lynch. Sad Song




Os ingleses que tomaram o mundo de assalto em 2006 com o álbum de estreia, “Whatever People Say I Am, That's What I'm Not”, vêm agora apresentar o terceiro longa-duração, “Humbug”, editado hoje (24 de Agosto). A produção do álbum ficou a cargo de Josh Homme (Queens of the Stone Age) e James Ford (Simian Mobile Disco), e conta com a colaboração de Alison Mosshart dos Kills.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Loch Ness

Is the Loch Ness monster on Google Earth?

The books I ordered!



"Only You Can Save Mankind", "Johnny and the Dead", "Johnny and the Bomb"

Twelve-year-old Johnny receives a pirate edition of the new video game Only You Can Save Mankind from his friend Wobbler. However, he hasn't been playing for long when the ScreeWee Empire surrenders to him. After accepting the surrender he finds himself inside the game in his dreams, where he must deal with the suspicious Gunnery Officer as well as the understanding Captain, and work out exactly what they're all supposed to do now.

This might all be the result of an over-active imagination except that the ScreeWee have disappeared altogether from everyone else's copy of the game. With the help of another player, Kirsty, who calls herself "Sigourney" (as in Weaver), Johnny must try to get the ScreeWee home.




Terry Pratchett sold his first story when he was thirteen, which earned him enough money to buy a second-hand typewriter. His first novel, a humorous fantasy entitled The Carpet People, appeared in 1971 from the publisher Colin Smythe. Terry worked for many years as a journalist and press officer, writing in his spare time and publishing a number of novels, including his first Discworld novel, The Color of Magic, in 1983. In 1987 he turned to writing full time, and has not looked back since. To date there are a total of 36 books in the Discworld series, of which four (so far) are written for children. The first of these, The Amazing Maurice and His Educated Rodents, won the Carnegie Medal. A non-Discworld book, Good Omens, his 1990 collaboration with Neil Gaiman, has been a longtime bestseller, and was reissued in hardcover by William Morrow in early 2006 (it is also available as a mass market paperback (Harper Torch, 2006) and trade paperback (Harper Paperbacks, 2006). Terry's latest book, Making Money, was published in September 2007 and was an instant New York Times and London Times bestseller. In 2008, Harper Children's will publish Terry's new standalone non-Discworld YA novel, Nation.
Regarded as one of the most significant contemporary English-language satirists, Pratchett has won numerous literary awards, was named an Officer of the British Empire “for services to literature” in 1998, and has received four honorary doctorates from the Universities of Warwick, Portsmouth, Bath, and Bristol. His acclaimed novels have sold more than 45 million copies (give or take a few) and have been translated into 33 languages.
Terry Pratchett lives in England with his family, and spends too much time at his word processor.



http://www.terrypratchettbooks.com/

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Books books books!



Free delivery worldwide on all books from The Book Depository !!! :D~~~~

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

The Wombats




Se isto não é uma das coisas mais sublimes e maravilhosas dos últimos tempos estou com graves problemas de percepção...mas como a minha percepção até anda bastante bem..... hum...

segunda-feira, 17 de agosto de 2009