sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Celebração do terror II: Zé do Caixão



Night of the living dead é um filme de terror independente filmado a preto e branco (por opção) de George Romero de 1968 é considerado um dos filmes de inauguração do terror e do gore como o conhecemos hoje, muito polémico e mediatizado devido ao seu conteúdo explícito que de facto, é muito explícito e macabro. Apesar de não ser o primeiro filme de Zombies é pelo menos um dos principais responsáveis pelo arquétipo de zombie na cultura popular e ainda tem uma série de críticas políticas ao período. Mas! E agora é que vem o ponto onde eu quero chegar, - já antes deste filme considerado tão pioneiro, já no Brasil tinham criado uma personagem de terror bem icónica de trash cinema absolutamente assombrosa e cujo conteúdo pioneiro ainda não é totalmente reconhecido... Refiro-me aos filmes de José Mojica Marins, e à sua personagem Zé do Caixão.








Á meia noite levarei a sua alma (1963) Esta noite encarnarei no teu cadáver (1967) Ritual dos Sádicos (1970)

Uma bruxa com uma caveira na mão começa por dizer para não ver este filme. O índice começa por agradecer a agências funerárias. O objectivo do Zé do Caixão é encontrar uma mulher que ele possa engravidar para poder dar sucessão ao seu demónio. A sua mulher não consegue engravidar e ele acredita que a namorada do seu melhor amigo é a mulher ideal para o efeito. Violada por Zé do Caixão, a rapariga quer cometer suicídio para regressar ao mundo dos mortos e levar a alma expurgada daquele que a violou. Durante a noite, Zé tem um pesadelo: a Morte leva-o a um cemitério, onde cadáveres saem das tumbas e o puxam para o inferno. Corredores de gelo, onde homens e mulheres ensanguentados são permanentemente torturados por carrascos do rei das trevas.
Zé do Caixão é sem dúvida um personagem de extrema crueldade onde os momentos de gore são bastante criativos e macabros. Com uma vincada tendência anti-cristo, há uma cena em que ele se põe a comer carne humana à janela enquanto vê a procissão cristã passar num dia santo. A sua catarse é feita através de um monólogo teatral e dramático onde o Zé desafia os poderes de Deus e a sua existência, tentando provar que só o Diabo existe. A trilogia prossegue com Esta noite encarnarei o teu cadáver.


Os filmes são a preto e branco à excepção do momento em que ele vai para o Inferno, única cena colorida no filme e podemos ver uma representação do inferno que consiste em vários órgãos e partes de corpos ensanguentadas coladas às paredes e tecto e que se movimentam ainda com vida.
Já no terceiro filme um psiquiatra injecta doses de LSD em quatro voluntários com o objectivo de estudar os efeitos do tóxico sob a influência da imagem de Zé do Caixão. O personagem aparece de maneira diferente nos delírios psicadélicos e multicoloridos de cada um, misturando sexo, perversão, sadismo e misoginia.
No site oficial é possível ver a biografia do Zé do Caixão, entre outras curiosidades.
Mais um exemplo de terror de outros tempos neste caso através de um clássico bem bizarro de exploitation do Brasil!

Aqui o site oficial do Zé do Caixão

Aqui um excerto da visão do inferno em Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Celebração do terror

Ok, nesta semana em que se aproxima o Halloween, vou deixar aqui no blog umas referências a cinema de terror de culto à moda antiga! Aqui ficam estas belas imagens que espero eu que tenham ou possam vir a provocar boas noites de intensos pesadelos.
O Gabinete do Dr. Caligari de 1920 de Robert Wiene é um exemplo do terror de outros tempos. Dr. Caligari, um famoso hipnotizador e o seu acompanhante sonâmbulo supostamente adormecido há 23 anos, predizem profecias que são cumpridas. Um filme imbuído na estética do expressionismo alemão, onde cada objecto material está sujeito a uma metamorfose que não é mais do que uma recriação da realidade, os delimitadores da realidade como paredes, portas ou janelas são deformados para tornar o ambiente num autêntico background de um pesadelo. Uma ideia que foi deixada muito de lado pelas tendências de mimética da realidade do cinema futuro e deixada apenas para algumas coisas muito experimentais. Acho que é uma pena porque podemos ter interpretações naturalistas e cenários oníricos, não me parecem coisas assim tão contraditórias e conseguem causar mesmo uma perturbação, um terror lírico. Uma verdadeira obra de arte.


 Um dos filmes mais terroríficos de sempre é o Nosferatu de 1922 de Friedrich Wilhelm Murnaum mais precisamente o Nosferatu, eine Symphonie des Grauens. É o filme que dá origem à noção de um dos maiores ícones do horror dos nossos tempos, o vampiro. Mas de facto não é um vampiro qualquer, este é o Drácula que Bram Stocker já tinha escrito em 1879, sendo portanto este o responsável pela criação da personagem. O livro que nos é dado a conhecer através das persongans que o escrevem é um dos clássicos mais geniais da história da literatura universal. Bram Stoker coloca o jovem Jonathan Harker nas funções de solicitador que tem que se desloca ao sombrio castelo de Vlades Tepes III, o Empalador, um aristocrata da Transilvânia cujo espírito tão cultivado demonstrava um aspecto obscuro na crueldade e sadismo pelo qual era conhecido. Por uma questão de direitos de autor, Murnau acaba por dar ao seu personagem central o nome de Orlok. É um filme brilhante em todos os aspectos que se ligam ao campo do suspense e do terrorífico, o ambiente e a atmosfera recriados são tão intensos que não importa se o filme é ou não mudo, pois tudo no filme parece ser o cenário de um macabro pesadelo.

A sombra a subir pelas escadas ou o vampiro que surge por detrás da porta triangular são imagens que não se esquecem. Werner Herzog fez uma adaptação do filme em 1979, Nosferatu: Phantom der Nacht, é também uma boa aposta para uma sessão bem medonha.



Suspiria de Dario Argento, 1977. Este também é um filme que incomoda bastante e eu penso que isso se deve à forma como o realizador pega na mise-en-scene e a transforma num jogo psicológico em forma de quadro visual. Eu que sou a defensora da importância da representação, como é que posso considerar que um filme onde a maior parte do elenco é francamente mau (como todos esses séries B com pretensões de giallo) como admitir que no fundo este é um bom filme? Precisamente pela criatividade visual e pelas opções da sonoplastia. A banda sonora é realmente muito boa e a construção das personagens não é má de todo, só é bastante mal representada sobretudo na primeira metade do filme. Enfim, análises técnicas à parte, é um filme assustador como o caraças, o grande momento da primeira rapariga morta pendurada pelo tecto, o momento em que a personagem cega é devorada pelo cão no meio da praça de Berlim (suposta metáfora ao nazismo) e o final que parece saído dos meandros de um pesadelo quando a americana por fim se encontra com a bruxa. É um filme que nitidamente influenciou posteriores barroquismos no tratamento visual de filmes como os de Tim Burton, etc. Mas acima de tudo são retalhos de horror que ficam a flutuar no inconsciente e voltam numa noite solitária de tempestade. :D
 The Evil Dead Trilogy é um clássico de Sam Raimi, que celebrizou Bruce Campbell como um protagonista-exemplo daquilo que é um bom momento de horror. De horror e de gore, ou seja, violência representada graficamente. É um dos filmes que trouxe muito ao actual cinema americano de terror, nomeadamente na utilização sábia do susto e no enquadramento do suspense. É um típico huis clos (ou em inglês um No Exit) onde as personagens vão passar férias numa cabana isolada no meio do mato. No primeiro filme, quando o grupo de americanos descobre um velho gravador de som que relata as experiências do antigo proprietário da casa e as suas visões de terror ao ver os demónios possuírem a mulher, remete-me para o recente “Rec” de Jaume Balagueró e Paco Plaza, quando os protagonistas encontram uma gravação semelhante no sotão do edifício onde ficaram presos devido a uma infestação se zombies. Uma referência que eu acredito ser uma homenagem dos realizadores.
Em Evil Dead, quando as pessoas ficam possuídas temos uma das mais macabras caracterizações de horror da história do cinema, uma visão autêntica de um corpo em decomposição ambulante. Também é o primeiro filme e possivelmente dos únicos onde uma mulher é violada por uma árvore. Portanto, também há aqui grande material e grande potencial horrorífico.

Aguardem pois ainda vem mais! (Pelo menos se eu tiver tempo para escever...:P)

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

A SEXTA GERAÇÃO 第六代


“Estamos mortos?”, “Não, isto é apenas o início.” São as últimas frases dos protagonistas de Shijie, traduzido significa “O Mundo”, o filme de Zhan Ke Jia (贾樟柯) que conta a história dos bastidores do World Theme Park em Beijing (http://www.beijingworldpark.com.cn/) um parque temático onde se podem visitar os monumentos mais populares de todo o mundo..sem sair de Pequim. O filme incide no sentimento de que visitar o mundo sem sair de Pequim deixa uma sensação amarga, sobretudo para os inúmeros trabalhadores daquele sítio que afinal, nunca foram a lugar algum. É assim que morrem os seguranças quando não conseguem mais de 200euros por mês e tentam por outras vias alimentar as famílias, é assim que se morre nas fábricas onde se trabalha por sobrevivência. Mas na realidade será sempre o início, o início da recuperação económica, o início da urbanização, o início.



Obviamente que são filmes de denúncia. A sexta geração é uma geração realista no sentido artístico do termo, no sentido de Courbet. Longe dos Estúdios Hengdian e dos orçamentos colossais com pequenos palácios de verão e cidades proibidas em pela província de Zhenjiang, a sexta geração é uma geração reflexiva sobre a condição humana e os desenvolvimentos políticos ao longo da história do país. Estão na realidade associados ao espírito do Neo-realismo Italiano no cinema pelo recurso a não-actores nos filmes, pelo improviso e pelo carácter dúbio na impressão da realidade no cinema. Sexta geração é sinónimo de cinema independente. Ainda que Li Yang (de “Mang Jing/Blind Saft” e “Mang Shan/Blind Mountain”) diga que “Não existe uma sexta geração” porque afinal não há uma oposição assim tão brutal àquela era a quinta geração. E é um facto.


Se olharmos para os trabalhos iniciais de Zhang Yimou “我的父亲母亲/Caminho para casa” ,“一个都不能少/Nem um a menos”, ou para “有话好好说/Keep Cool” encontramos o mesmo tipo de temáticas, o mesmo tipo de técnicas que eram usadas numa altura em que o seu cinema era essencialmente mais independente. Da mesma época também Tian ZhuangZhuang “小城之春/A primavera numa pequena cidade”, “吴清源/The Go Master” embora este último se foque com mais intensidade as memórias da revolução. E sinceramente acho que é mesmo neste aspecto que a sexta geração se afasta, não se afastando de uma forma brutal porque nada na sociedade chinesa ou na história da China se pode afastar de uma forma muito cabal do período da revolução, ainda tão recente, ainda com tantas repercussões e ainda sem uma ruptura total, para além da económica. Mas afasta-se na medida em que, precisamente, já não fala de memórias, mas antes de heranças, de legados e de vestígios que entram num conflito brutal com a abertura económica da China.


Frases como “Na china o que não falta são pessoas.” surgem com frequência na boca das mais diversas personagens, estou a lembrar-me do Shijie do Mang Jing, mas certamente apareceu em muitos outros. Há naturalmente efeito metafórico, esta é uma frase tipicamente usada por economistas e no entanto aqui surge ela num contexto em que se quer pensar o humanismo. O muito significa o barato o que faz com que até a vida humana não tenha muito valor.


Porque esta é uma geração de realizadores que nunca viram ninguém morrer à fome mas que que vêem os seus filmes serem proibidos no seu próprio país enquanto obtêm as mais sumptuosas menções na Europa ou na América, filmam na maioria das vezes de maneira ilegal, vivem no estrangeiro (ou viveram durante algum tempo) e acima de tudo querem... ser parte integrante da história da China. E não, não há necessariamente uma contradição. É um sentimento ambíguo de expatriação e espírito crítico, introspectivo, mas nunca estupidamente arrogante ao ponto de não compreender a forma como se pertence inevitavelmente a um lugar e como esse lugar deixa legados, heranças na formação do desenvolvimento individual e como esse legado intimista quer repercutir o colectivo, alertando-o, apelando aos seus sentidos, fazendo um cinema visceral, corrosivo que fala da identidade cultural e da personalidade colectiva do povo chinês tal como ela é.

 Como o recém-estrado em Portugal 落叶归根/Regresso a casa de Zhang Yang.A simplicidade da história ganha uma dimensão avassaladora na interpretação de Benshan Zhao (Happy Times, Keep Cool) e em todo o formato realista do filme. Todas as personagens com quem o personagem principal se cruza são personagens tipo que reflectem um tipo de atitude mais ou menos confucionista, mais ou menos taoista ou absolutamente materialista, naquele que é o estado das várias morais na China de hoje - um misto de identidades de várias origens geográficas com condicionamentos históricos e políticos.


Na minha perspectiva há dois realizadores altamente representativos do espírito da Sexta Geração. Um é Wang Xiaoshuai com "冬春的日子/The Days”e "十七岁的单车/Beijing Bycicle”, o primeiro que foi uma lufada de ar fresco que veio dar ares do início de uma geração que ainda existe e que ainda se quer afirmar, precursor do seu movimento, reflectindo o estado de uma nação cortada em pedaços deixando à sola um espírito materialista incontrolável que acaba por penetrar como uma repressão de um mau momento que acaba por ter consequências concretas no corpo social.


O outro é Yu Li e o seu 苹果/Lost in Beijing que conta com as poderosas interpretações de Tonny Leung Ka-Fai (não confundir com o Tonny Leung Chiu Wai), assim como com Binbing Fan vinda de Hong Kong mas sem que lhe falhe o mandarim e o recém-fenómeno do cinema chinês Tong Dawei, que mesmo estando envolvido em filmes proibidos onde há cenas de nudez e de sexo (e que não são filmes da terceira categoria -feng ye- de Hong Kong) ainda assim foi convidado para o elenco de Chi Bi/A batalha de Red Cliff, e foi o protagonista de uma das séries de maior sucesso televisivo no continente, Fendou(奋斗). Sem dúvida é um filme que reflecte o dia-a-dia com uma verosimilhança impressionante. Qualquer pessoa que tenha estado na China já viu imensos trabalhadores, imensos 'laoban' (patrão em chinês) que se parecem com a personagem de Ka-Fai ou trabalhadores nas construções que vêm de províncias distantes da grande cidade onde se encontram.


Outros a ter em conta: Zhang Yuan com “北京杂种/Beijing Bastards” e “East Palace, West Palace”, Lou Ye do qual destaco o 頤和園/Summer Palace.  Mas a sexta geração não se fica por aqui, é um emaranhado de prémios pela Europa e de proibições na China, sem esquecer mencionar que essas proibições são meramente formais já que em qualquer esquina onde se vendam DVDs piratas, podem encontrar-se os filmes todos (eu comprei a maioria dos filmes que tenho nesses sítios, e encontrei tudo o que não estava oficialmente em circulação).


Relembro que esta designação geracional é aplicada a realizadores da China continental que utilizam essencialmente o mandarim (que é aliás uma outra reflexão recorrente), o que ainda exclui uma infinidade de possibilidades, como cinema de Taiwan e Hong Kong.

Conclusão, há muito mais cinema do que aquele que se pensa. Nos dicionários de cinema que se encontram por aí ainda há pouca ou nenhuma atenção dada à Ásia o que é uma pena. O cinema não se esgota num ou dois continentes. Felizmente!

sábado, 17 de outubro de 2009

domingo, 11 de outubro de 2009

Feeling retro: Patrick


Ei, ver este vídeo (post anterior) do QT a dizer "eu baseio os meus filmes em filmes que vi em criança" fez-me reflectir sobre algo - embora na realidade o vídeo é hilariante por causa da forma agressiva como QT responde e como vive em fidelidade aos valores que transmite na sua criação :D.

O filme Patrick de 1978 de Richard Franklin conta a história de um homem que fica em estado de coma depois da morte da mãe e do amante por choque eléctrico enquanto tomavam banho de imersão. A sua única acção é cuspir de forma involuntária (cena que relembra largamente o momento em que a Uma Thurman acorda e cospe do coma no Kill Bill, nítida influência).Quando uma jovem enfermeira se muda para o hospital onde se encontra Patrick, ela começa a sentir que o enfermo comunica com ela através de poderes telepáticos e influencia acontecimentos na sua vida. Obras destas suscitam a curiosidade de ver mais filmes desta época de Australian New Wave. Mas fica a questão, será que viver o retro tem que acartar por definição uma relação com uma experiência que nos faz eco porque a atravessámos no passado e sentimos nela uma nostalgia latente, uma reminiscência sensorial que nos toca ou numa época em que a maturidade cognitiva e de pensamento das novas gerações tem que ultrapassar uma localização espacial e temporal, “redescobrir” fará todo o sentido?

Porque é que Tarantino é o maior?

Vídeo com o Tarantino a discutir com uma senhora que estava um bocadinho fora de contexto... Hilariante! :D

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Morto durante a praxe e médico que denuncia situação suicida-se

Para o tribunal de Famalicão, lembra o MATA (movimento anti tradição académica) em comunicado, a Universidade Lusíada “não controlou nem evitou as praxes académicas", apesar de ceder espaço e subsídios a quem as fez. Em Junho, já tinha considerado como provado que Diogo Macedo morrera ao ser atingido na “nuca” com uma revista nas instalações do estabelecimento de ensino onde estava a participar num ensaio da tuna. O relatório da autópsia revelou que o estudante sofrera uma “fractura da primeira vértebra cervical, arco posterior, com hematoma extenso no cerebelo direito”.

“Tradições imaginárias”

Diogo Macedo andava no 4.º ano do curso de Arquitectura, mas nunca passara de caloiro na tuna. Era alvo frequente de praxes por parte dos alunos mais velhos.

Na noite de 8 de Outubro de 2001 estava na universidade, perdeu os sentidos e foi transportado para o hospital de Famalicão. Esteve em coma alguns dias. Morreu sete dias depois.

No dia do funeral, a 16 de Outubro, a cerimónia foi interrompida por um oficial de justiça. Um médico do Hospital de São João lançara a suspeita de que Diogo teria morrido na sequência de uma praxe. A autópsia então feita revelou as lesões fatais. O médico que fez a denúncia suicidou-se pouco depois.

As testemunhas ouvidas durante o processo contaram que Diogo foi praxado e, a certa altura, agredido com uma revista no pescoço. Mas pouco mais.

O MATA lembra que dois elementos da tuna chegaram a ser constituídos arguidos, mas numa das sessões de tribunal em que as testemunhas estavam a ser ouvidas “o próprio juiz reconheceu o ‘muro de silêncio’ que tinha sido criado”. O caso foi arquivado.

A mãe do jovem estudante, Fátima Macedo, nunca se conformou. Avançou com uma acção cível em 2007. Pediu 210 mil euros à Minerva, a fundação que detém a Lusíada. Esperava que durante o julgamento acabassem por surgir novos dados que permitissem a reabertura do processo-crime.

“À semelhança do que se passa noutras instituições do ensino superior, é evidente a conivência entre direcções e grupos de estudantes que têm como base a hierarquização, submissão e proliferação de comportamentos repressores e inerentemente violentos”, diz o MATA. “Não podemos perpetuar estas ‘tradições’ imaginárias que se apoderaram do vazio cultural e intelectual que tem caracterizado as escolas nestes últimos anos.”



Ahh ok, então e agora o processo é arquivado e não se pode fazer nada? Há nitidamente um caso de uma máfia que acaba por assassinar ou fazer 'suicidar-se' o médico que denuncia os meninos da praxe e ninguém acha isto estranho? Deve ser como os casos das miúdas violadas que acabam por ser sempre as culpadas porque o pessoal se une para denfender os colegas de praxe. Assim vai a justiça neste jardim à beira-mar plantado... já que toda a gente sabe que a areia é um terreno altamente infértil, não é mesmo?