quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Resenha de cinema: Inglorious Basterds

Baseado na obra italiana de 1978 de Enzo G. Castellari, Inglorious Basterds traduzido por “Sacanas sem Lei” é uma ode de vingança passada na Europa. Saltando a sinopse, deixo apenas uma apreciação.



Num ambiente glamoroso de Segunda Guerra Mundial onde a violência se assimila com os mais intensos jogos psicológicos, Tarantino traz-nos a sua mais recente peça de arte. É coerente acrescentar um filme de guerra à sua cinematografia e no entanto, há um claro travo de ousadia. Reinventar a guerra remexendo em assuntos como a Alemanha Nazi e o Terceiro Reich é algo delicado e no entanto foi feito com mestria e sem medo. Depois da inconsequência que foi Death Proof na cinematografia do realizador, Inglorious Basterds é um filme que revela crescimento e coerência temática na jornada que é a procura “ingloriosa” da vingança. E porque falo em 'crescimento' ou amadurecimento? Porque há uma dedicação ao diálogo, característica, à lá Pulp Fiction mas agora a segmentação, ainda que evidente, tem uma finalidade própria, já não há espaços vazios de reflexões contemporâneas e triviais largadas a flutuar no plano da acção. Esta fórmula teve o seu impacto mas não poderia repetir-se de obra para obra. As personagens são construídas de forma deliciosa, com tanto de tipificação e estereótipo como de densidade psicológica.
Algo que acho curioso é ler várias reviews que apontam Brad Pitt como tendo uma das suas piores actuações de sempre. Motivos? Dizem que tem uma representação quase caricatural. Mas vamos lá ver... não é mesmo assim que são desenhadas as personagens de Tarantino? Como se em linguagem de manga de um Shonen se tratasse com todas as personagens cliché que a isso se tem direito quando se consome algo do género? Pois é, eu acho que quem não aprecia a tipificação das personagens não deve apreciar Tarantino de uma maneira geral...Para além do Brad Pitt e do seu bando de 'basterds' destaque para a fabulosa actuação de Christoph Waltz como coronel Nazi de temperamento intelectual e romântico e perigosa mente estratega. O paralelismo guerra/cinema, o ambiente multi-linguístico fazem do filme uma obra de arte requintada para apreciadores do género. Ingredientes típicos? Claro que sim, humor, violência gráfica (com um final que é uma espécie de sobremesa calórica), manta de retalho de diálogos, a violência estética e um tratamento de western. Uma vingança tenebrosa onde quem vence não deixa de demonstrar um lado psicótico.

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