segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Django Unchained





Tarantino’s Django Unchained takes the shape of western spaghetti and adds to it a bit of a racial struggle during the year of 1858, just two years before the American Civil War. For me, the movie was all about something that Tarantino is just perfect at: the creation of tension and the always good mise-en-scène that makes us fly through cinema itself being attached to an old-style kind of movies with which Tarantino is familiar with – he tries to bring pop and mainstream references of other decades into something more deep and modern artistic. 

 Something about Tarantino is that for me he represents a new generation of movie fans, the ones that are affectionate to it in a different perspective from the other ones, more alternative, who would rather go to a cult session watch some old Fellini’s movie.I think that Tarantino does that because he wants to keep the distance between art and reality and that leads me to the next point of discussion.Although, Django Unchained is a representation of racial struggle in the South of USA in 1858, where slavery was still running as a normal thing, I would like to detached my perception of the critic historical episode that seemed to me as something that the director really wanted to show.  


I say this because I know that a lot of people reacted to this movie either because they were white Americans or because they were Afro-Americans – I must admit that I find it interesting how  Christoph Waltz’s character performs. Is the wise foreigner from Germany – good one to conciliate the fans from the Inglorious Bastard’s approach to Germany. But what I mean is that for me this was an episode contextualized and I don’t identify myself with any characters. I also believe that Tarantino was sensitive about the subject – as we know that America is sensitive about this black-white relation subject. In the past movies I saw girls getting bloody revenges (Kill Bill, Death Proof) or simply Nazis being insane, mafia serial killers, etc. This time, the historical approach is quite accurate in a lot of details and by that I don't mean the use of sunglasses but merely the historical contextualization of the previous civil war period. 

Personally, I found this movie a lot of fun to watch, I loved how it played with the sound-track (I even recognized a song that was in Battle Royale) and I find the violence scenes very well conducted and balanced. I like the bloody style. It's not realistic, it's not suppose to be for him, that's how he distances reality from cinema. It's also his mark and it's what makes a lot of people hate him. I suppose we need to understand the spectacular part of the bloodbath as a cinema show. We know that people don't have such exaggerated blood squirt or as in one of the last scenes when the sister is projected into another room with a shot gun, it's like, what?! But still...

I liked the message, even if I usually don’t approve in realistic terms the will of revenge that is always in Tarantino’s work, but we know that this revenge works in a classical way of relieve that is really well done in this movie. I love the humour. Django’s character is a lot of fun, the love story, the good German the evil black butler – the good and the evil in human’s heart despite the color of the skin. Basically, a very good Tarantino’s. I missed you very much! Please come back again soon! 



Here the original inspiration:

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

your sense of humour is just like Family Guy





Kyle: You should like that show, your sense of humour is just like Family Guy.
Cartman[explodes] Don't you ever, ever compare me to Family Guy, you hear me Kyle?! Compare me to Family Guy again and so help me, I will kill you where you stand!
(...)
Cartman: Do you have any idea what it's like? Everywhere I go: 'Hey Cartman you must like Family Guy, right?' 'Hey, your sense of humor reminds me of Family Guy, Cartman!' I am NOTHING like Family Guy! When I make jokes they are inherent to a story! Deep situational and emotional jokes based on what is relevant and has a point, not just one random interchangable joke after another!


Um dos melhores episódios meta-série de sempre!



quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Da condição humana

Em Portugal há sem dúvida uma distinção entre o comentador político e o teórico político. Isto porque o teórico não se expõe por dificuldade de legibilidade dos conteúdos para a maioria da população. Contudo, a leitura de uma agenda política partidária não deveria ser suficiente para se construir uma posição política. Compreendo que se pretendam encontrar soluções para problemas concretos e imediados, mas o que fica por detrás é todo o legado civilizacional que nos pertence.



Para os romanos, provavelmente o mais político dos povos conhecidos, a palavra “viver” tinha por sinónimo “estar entre os homens” (inter homines esse). É aqui que começa o debate sobre as várias terminologias: a vita activa (labor, trabalho e ação), a contemplação, o discurso (lexis) a polis e o bios politikos. Por um lado absorve-se do pensamento clássico que a mortalidade é a categoria central do pensamento metafísico e que a natalidade, por seu lado, é a categoria central do pensamento político. A ação (praxis), torna-se na atividade política por excelência.

O livro “A condição humana” de Hannah Arendt deixa de lado o pensamento e a razão para se centrar na vita activa enquanto “vida dedicada aos assuntos públicos e políticos”. A ação necessária para manter o bios politikos. O conceito de contemplação surge como substituto da vita activa, principalmente por parte da igreja que defende uma necessária quietude. No entanto, para os filósofos: “Do ponto de vista da contemplação, não importa o que perturba a necessária quietude, o que importa é que seja perturbada”.

Quando a preocupação com a eternidade e mortalidade chegou ao pensamento filosófico, Heráclito regista a sua crença de que apenas os melhores se poderão inscrever na eternidade. É um pensamento singular, não encontrado em mais escritos filosóficos clássicos. Contudo, o eterno surge como verdadeiro e o lado divino no homem está na sua inscrição no eterno. Num cosmos onde tudo é cíclico e imortal, o homem vê-se como único elemento mortal. 

Desta forma, a religião cristã que tomava para si todo o ocidente era apologista de uma vida contemplativa, fora da necessidade da vida entre os homens. É aqui que existe a separação entre vita contemplativa e vita ativa. A preocupação com a imortalidade que se sobrepôs a todas as outras está intimamente ligada à queda do Império Romano. Esta demonstrou claramente que nenhuma obra de mãos mortais poderá ser imortal e foi acompanhada pela promoção do evangelho cristão – uma vida individual eterna. Se qualquer busca de imortalidade terrena se tornava fútil e desnecessária, a vita activa e o bios politikos resumiam-se a servos da contemplação. 



“Nem mesmo a ascendência do secular na era moderna e a concomitante inversão da hierarquia tradicional entre ação e contemplação foram suficientes para fazer sair do esquecimento a procura da imortalidade que, originalmente, fora a fonte e o centro da vita activa”. (Arendt, 1958, 33) 

 A ação como prerrogativa exclusiva do homem, depende da constante presença de outros. Aristóteles chamava ao homem animal socialis e já Séneca aceitou como tradução consagrada “homo est naturaliter politicus, id est, socialis” (o homem é, por natureza, político, isto é, social). A vida em societas generis humani – sociedades humanas, traz ao termo “social” a sua posição de condição humana fundamental. Platão e Aristóteles apenas não consideravam que esta condição fosse essencial mas antes uma necessidade da vida biológica. O bios politiko é, de acordo com o pensamento grego, uma segunda oikia (casa) e família. Como se a partir de agora todo o cidadão tivesse duas ordens de existência que não apenas o privado. 

Dividem-se assim aquilo que lhe é próprio (idion) e aquilo que é comum (koinon). Não se tratava apenas de uma pensamento de Aristóteles mas da constatação de um facto. A partir do momento em que surge a polis, ou cidade-estado, ela destrói todas as organizações fundadas à base do parentesco. A esfera da Polis, pelo contrário, era a esfera da liberdade, e se havia uma relação entre essas duas esferas era a de que a vitória sobre as necessidades da vida em família constituía a condição natural para a liberdade na polis. A política não podia ser apenas um meio de proteger a sociedade – uma sociedade de fiei, como em Locke, ou uma sociedade inexoravelmente empenhada num processo de aquisição, como em Hobbes, ou uma sociedade de produtores, como em Marx, ou uma sociedade de operários como nos países socialistas e comunistas. 

Em todos estes exemplos é a liberdade da sociedade que limita a autoridade política. Assim a liberdade é já para a os filósofos clássicos um assunto que se situa na esfera política ou social e que a necessidade é um fenómeno pré-político, característico da organização do lar privado. A violência torna-se assim no ato pré-político de libertação da necessidade da vida para conquistar a liberdade no mundo. 

Contudo, o pensamento político do século XVII acredita que só é possível evitar a violência ao ser estabelecido um governo que, através do monopólio do poder, controle o temor. Pelo contrário, todo o conceito de domínio e submissão, de governo e poder no sentido que o concebemos hoje, assim como à sua ordem regulamentada, eram tidos como pré-políticos, pertencentes à esfera privada e não pública.