domingo, 31 de outubro de 2010

Expo Shanghai chega ao fim

Pavilhão português vence prémio de design na Expo de Xangai. De entre os 42 que constituem a categoria de edifícios alugados. Dos construídos de raiz, os que ganharam foram o do Reino Unido e o da Finlândia. Embora de um ponto de vista arquitectónico exterior estes dois pavilhões fossem interessantes o que é certo é que, especialmente o do Reino Unido, foi uma grande frustração. Toda a importância do pavilhão advinha do facto de ser uma das arquitecturas nocturnas mais impressionantes e de todas as vezes que tentei vê-lo à noite as luzes estavam desligadas. Desconfio eventualmente que tenha sido por uma questão de falta de recursos mas, sinceramente, não se pode atribuir tanto relevo a um pavilhão que não pôde ser visto durante a noite quando a sua principal atracção era precisamente essa. Destes modelos de pavilhões construídos de raiz, o que me agradou mais foi o da Dinamarca que primou pela originalidade das visitas de bicicleta, chamando a atenção para esse aspecto ecológico - já que era esse o tema da expo. Mas de uma maneira geral, em termos de interior, o meu pavilhão favorito foi o da Espanha, que tive oportunidade de visitar pela sorte de ter caído nas boas graças das meninas espanholas que vigiavam a entrada VIP, porque de outra forma teria sido impossível. Este era um pavilhão com marcação cuja entrada implicava, mesmo com marcação, uma espera de 3 horas. Foi o principal problema da Expo Shanghai, o excesso de pessoas, ainda que na expo de maiores dimensões de sempre. Parece que ainda consigo sentir as dores nas pernas das 5 horas de espera para entrar no pavilhão do Japão, embora, felizmente, tenha sido o único pavilhão no qual esperei para entrar. Mas o pavilhão de Espanha estava bem construído em termos de transmissão da informação histórica, com os ecrãs a voarem por todo o espaço a cronometrarem todos eventos importantes da história de Espanha. Havia também uma actuação de dança castelhana ao vivo e, finalmente, o bebé gigante attention freak que simulava com realismo movimentos humanos – o que era assustador. Se numa perspectiva inicial o bebé gigante me parecia absurdo e despropositado e mero chamariz, o que é certo é que no final foi das melhores experiências de pavilhão que tive. A nível de exterior, o pavilhão da China e o seu incumprimento estabelecido pelas associações internacionais de não ultrapassar numa escala mais do que duplicada os pavilhões restantes, fez toda a diferença. Mas compreende-se. É a China! Há todos os dias vários milhões de pessoas a visitar a expo e todos os vários milhões anseiam entrar no pavilhão da sua naçãozinha querida ...e não dá! Então, é realmente preferível construir um pavilhão que se valha pelo seu exterior. E isso, inquestionavelmente, aconteceu.
O pavilhão de Portugal tinha uma estrutura de cortiça interessante, em certa medida semelhante ao do Canadá - também um dos pavilhões com mais “hype” da expo. Contudo, devo dizer que depois de visitado ambos, o de Portugal me pareceu mais interessante a nível de conteúdo interior. O do Canadá só tinha recursos a projecções multimédia. O de Portugal tinha introdução histórica, apresentação da nossa vanguarda ecológica e depois muitos produtos para se comprar, desde azeite a uma imitação de pastéis de nata (porque a receita real não pode sair destas fronteiras, está claro). Aqui fica um top 10 dos meus pavilhões favoritos – apesar de que, como é óbvio, só tive oportunidade de visitar alguns e só os visitei por me ter escapado pela porta VIP, de uma maneira ou de outra (haveria aqui muitas histórias para contar a esse respeito!).

 10 - Austrália/Rússia

 Exacto, não me conseguia decidir... deveria fazer um Top11... mas não faz mal. São os dois grandiosos e é essencialmente esta arquitectura exterior que os torna tão majestosos. 

9 - Dinamarca
Como já disse, é um dos mais originais. 

8 - França 
Gostei bastante do conteúdo do pavilhão. Não se focaram muito na temática ambiental da expo mas conseguiram transmitir todo o charme dos vários aspectos culturais que dão nome à França.

7 - Coreia do Sul 
O pavilhão da Coréia do Sul tinha formas geométricas irregulares revestidas de Hangul colorido por todo o lado. Achei interessante esta opção de enveredar pelo lado popish do país.

6 - Roménia
Muito gira a maçã romena. 

5 - Arábia Saudita 
Gigante e impressionante!

4 - Portugal 
Por uma questão patriótica, claramente.


3 - Macau
Em Macau entrávamos pela porta VIP com passaporte português! E o coelho de Macau foi uma das melhores experiências de expo que tive. O pavilhão é todo ele uma história em busca do coelho perdido, no qual se atravessa a história de Macau desde a ocupação portuguesa e dos missionários ao gigantesco antro de casinos que é hoje. Original e bem pensado!

2 - Espanha
Já falei deste pavilhão. Um dos melhores, sem dúvida. Um dos que teve mais visitas também.

1 - China 

Não há muito a dizer sobre isto! É enorme, é impressionante, é lindo. Reminiscências das arquitecturas tradicionais chinesas numa mensagem megalómana muito clara. A sensação de estar debaixo disto é impossível de transcrever. 

Claro que, no fundo, o melhor pavilhão foi este:

Mesmo ao lado do do Irão!

Mas em relação às 5 horas de espera para entrar no pavilhão do Japão... Está certo que vemos um robot que sabe tocar violino e uma máquina que transforma água do esgoto em água limpa e ainda, se tivermos muita sorte, podemos experimentar a ultra casa-de-banho que nos faz um TAC à cabeça ao mesmo tempo que expelimos as nossas necessidades, está certo, é muito bom, mas o pavilhão do Japão estava altamente mal concebido em termos logísticos porque fazia com que as pessoas tivessem a obrigatoriedade de estar um tempo pré-definido em cada espaço do pavilhão, em vez de permitir circular livremente. Daí o enorme tráfego do pavilhão. Portanto, não posso incluí-lo.

E agora, só mais uma vez por uma questão de patriotismo, o melhor vídeo da expo:

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