segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Anaquim

A onda revivalista e tradicionalista das bandas portuguesas ultimamente é bastante agradável. Sei que não é propriamente “de agora” – se pensarmos em Madredeus, por exemplo – mas nos últimos anos tem surgido com mais vitalidade. Gosto deste estilo embora o meu músico português favorito  seja o Manel Cruz (Ornatos Violeta, Pluto, Supernada, Foge Foge Bandido) e ele não tem muito a ver com esta tendência.  Mas agrada-me ver assim identidade nacional, passado e modernidade ao mesmo tempo. Porque será isto? Provavelmente porque qualquer perspectiva de futuro parece assustadora para esta geração. Parecemos estar no limite de alguma coisa, perto de um colapso e mete medo olhar para fora das raízes e para outro sítio menos confortável que o passado. Ou isso ou então porque apenas soa bem, não sei. Também de realçar o ambiente esquerdista destas bandas. Esta onda que começou com Amália Hoje e Deolinda passando por bandas como Dead Combo ou A Naifa. Mariza, claro, também representante desta tendência mas não em formato de banda no seu sentido mais pop. A última banda que conheci deste género, Anaquim, tive oportunidade de ver ao vivo na semana passada na recepção ao caloiro em Guimarães. A Diana tinha-me resumido o estilo deles por “pimba alternativo” e este rótulo mereceu todo o meu interesse. Pimba alternativo. Compreende-se quando se ouve. Os ritmos típicos com temas criativos e letras sarcásticas mas divertidas. Ok, em alguns momentos a voz do vocalista José Rebola tem um quê de Zeca Afonso e não admira já que no concerto não perdeu a oportunidade de entoar “A morte saiu à rua ”. O sintetizador que fazia a voz da Ana Bacalhau era tipo...? Não sei como é que fazem aquilo. Enfim, uns temas mais românticos, outros mais satíricos com a tal batida típica do folclore tradicional e da música popular. Um conceito com pernas para andar, resta saber se se vão afastar um bocadinho da batida para dar continuidade à criatividade. É sempre difícil apreciar bandas em festividades académicas porque volta a meia ter que se desviar da euforia das pessoas – por "pessoas" entendamos "bêbados" (e maioritariamente na puberdade) – é um bocado incómodo. Mas, enfim, valeu bem mais a pena do que o Pedro Abrunhosa e a sua megalomania revolucionária ou lá o que é o que homem estava a tentar fazer quando nos pedia para sermos contra a corrupção (?). Aqui fica então o videoclip do primeiro single dos Anaquim, “As vidas dos outros”:



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