sábado, 9 de maio de 2009

Red Cliff 赤壁


Aparentemente não há nada de errado com este filme. Toda a gente sabe quem foi Cao Cao, que governou parte do território chinês durante a dinastia Han, durante um período de particular divisão que ficou conhecido como Período dos Três Reinos e que este homem, o tal Cao Cao, governava a parte da China na altura denominada de Wei também conhecida por Cao Wei曹魏 e que ele é globalmente conhecido pelos chineses como alguém de particular crueldade, tipo um demónio (até existe a expressão em chinês ‘A falar no Diabo e o Diabo a aparecer’ em chinês fica ‘说曹操,曹操到了” que é substituir o nome de Diabo por Cao Cao), por outro lado, o seu génio na estratégia militar é altamente reverenciado. The Battle of Red Cliff, 赤壁之战, trata da altura durante a qual os outros dois reinos Shu蜀e Wu 吴, liderados por Liu Bei e Sun Quan se uniram para tentar derrubar o Cao Cao. O filme não tem uma total fidelidade histórica, ele é mais fiel à adaptação de uma passagem do romance dos Três Reinos escrito no século XIV, que conta a história de forma épica.

Não, na realidade, ninguém sabe de nada disto e não são os 10 segundos de breve explicação a nível de legendas que fazem as pessoas perceberem seja o que for de história da China quando nunca contactaram com ela. Ou seja, é normal que estes filmes históricos sejam confusos de se perceber aos olhos ocidentais e não tenhamos a falsa pretensão de que entendemos tudo. Eu sei, pois, eu tenho uma licenciatura na área! Ei, mas isto não significa nada, pois é, ups… Mas isso seria outro tópico. Continuando, como qualquer ultra produção chinesa dos últimos tempos, um filme que privilegia a fotografia de génio e um orçamento sumptuoso que possibilita a utilização de recursos de realização muito bons, sobretudo no que toca às coreografias bélicas, não pode fazer de uma produção destas um mau filme. No entanto, voltamos sempre às mesmas questões, a estética altamente cuidada que repetida depois do Zhang Yimou, do Ang Lee, etc, agora é a vez de John Woo e já se começam a criar lugares comuns que originalmente eram toques de génio. A mistificação de personagens históricas como semi-deuses; as cenas de sexo exótico de mística asiática que envolvem sempre o Tony Leung - ok, eu compreendo que ele tenha adquirido aquele charme dos filmes de Wong Kar Wai que o perpetuaram como o homem que continua sensual com o passar dos tempos, mas vá, já que as cenas são tão parecidas, pelo menos variemos os actores. Tudo isso são exemplos de coisas que com a repetição se tornam banalidades, o que é uma pena. Comercializarem o filme em mandarim também me perturba um bocado, ainda que sejam os próprios actores a dobrarem-se a si mesmos.
É um bom filme sim para quem gosta de Épico chinês mas não me parece necessário haver tanta frustração pelo facto do filme sair para a Europa apenas numa só edição (e não nas duas originais do realizador) até porque uma versão mais sucinta serve. Embora se fosse eu nesse lugar ficasse frustradíssima e tentasse ver o original,mas pronto, eu gosto de falar por falar… :)

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