quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Celebração do terror

Ok, nesta semana em que se aproxima o Halloween, vou deixar aqui no blog umas referências a cinema de terror de culto à moda antiga! Aqui ficam estas belas imagens que espero eu que tenham ou possam vir a provocar boas noites de intensos pesadelos.
O Gabinete do Dr. Caligari de 1920 de Robert Wiene é um exemplo do terror de outros tempos. Dr. Caligari, um famoso hipnotizador e o seu acompanhante sonâmbulo supostamente adormecido há 23 anos, predizem profecias que são cumpridas. Um filme imbuído na estética do expressionismo alemão, onde cada objecto material está sujeito a uma metamorfose que não é mais do que uma recriação da realidade, os delimitadores da realidade como paredes, portas ou janelas são deformados para tornar o ambiente num autêntico background de um pesadelo. Uma ideia que foi deixada muito de lado pelas tendências de mimética da realidade do cinema futuro e deixada apenas para algumas coisas muito experimentais. Acho que é uma pena porque podemos ter interpretações naturalistas e cenários oníricos, não me parecem coisas assim tão contraditórias e conseguem causar mesmo uma perturbação, um terror lírico. Uma verdadeira obra de arte.


 Um dos filmes mais terroríficos de sempre é o Nosferatu de 1922 de Friedrich Wilhelm Murnaum mais precisamente o Nosferatu, eine Symphonie des Grauens. É o filme que dá origem à noção de um dos maiores ícones do horror dos nossos tempos, o vampiro. Mas de facto não é um vampiro qualquer, este é o Drácula que Bram Stocker já tinha escrito em 1879, sendo portanto este o responsável pela criação da personagem. O livro que nos é dado a conhecer através das persongans que o escrevem é um dos clássicos mais geniais da história da literatura universal. Bram Stoker coloca o jovem Jonathan Harker nas funções de solicitador que tem que se desloca ao sombrio castelo de Vlades Tepes III, o Empalador, um aristocrata da Transilvânia cujo espírito tão cultivado demonstrava um aspecto obscuro na crueldade e sadismo pelo qual era conhecido. Por uma questão de direitos de autor, Murnau acaba por dar ao seu personagem central o nome de Orlok. É um filme brilhante em todos os aspectos que se ligam ao campo do suspense e do terrorífico, o ambiente e a atmosfera recriados são tão intensos que não importa se o filme é ou não mudo, pois tudo no filme parece ser o cenário de um macabro pesadelo.

A sombra a subir pelas escadas ou o vampiro que surge por detrás da porta triangular são imagens que não se esquecem. Werner Herzog fez uma adaptação do filme em 1979, Nosferatu: Phantom der Nacht, é também uma boa aposta para uma sessão bem medonha.



Suspiria de Dario Argento, 1977. Este também é um filme que incomoda bastante e eu penso que isso se deve à forma como o realizador pega na mise-en-scene e a transforma num jogo psicológico em forma de quadro visual. Eu que sou a defensora da importância da representação, como é que posso considerar que um filme onde a maior parte do elenco é francamente mau (como todos esses séries B com pretensões de giallo) como admitir que no fundo este é um bom filme? Precisamente pela criatividade visual e pelas opções da sonoplastia. A banda sonora é realmente muito boa e a construção das personagens não é má de todo, só é bastante mal representada sobretudo na primeira metade do filme. Enfim, análises técnicas à parte, é um filme assustador como o caraças, o grande momento da primeira rapariga morta pendurada pelo tecto, o momento em que a personagem cega é devorada pelo cão no meio da praça de Berlim (suposta metáfora ao nazismo) e o final que parece saído dos meandros de um pesadelo quando a americana por fim se encontra com a bruxa. É um filme que nitidamente influenciou posteriores barroquismos no tratamento visual de filmes como os de Tim Burton, etc. Mas acima de tudo são retalhos de horror que ficam a flutuar no inconsciente e voltam numa noite solitária de tempestade. :D
 The Evil Dead Trilogy é um clássico de Sam Raimi, que celebrizou Bruce Campbell como um protagonista-exemplo daquilo que é um bom momento de horror. De horror e de gore, ou seja, violência representada graficamente. É um dos filmes que trouxe muito ao actual cinema americano de terror, nomeadamente na utilização sábia do susto e no enquadramento do suspense. É um típico huis clos (ou em inglês um No Exit) onde as personagens vão passar férias numa cabana isolada no meio do mato. No primeiro filme, quando o grupo de americanos descobre um velho gravador de som que relata as experiências do antigo proprietário da casa e as suas visões de terror ao ver os demónios possuírem a mulher, remete-me para o recente “Rec” de Jaume Balagueró e Paco Plaza, quando os protagonistas encontram uma gravação semelhante no sotão do edifício onde ficaram presos devido a uma infestação se zombies. Uma referência que eu acredito ser uma homenagem dos realizadores.
Em Evil Dead, quando as pessoas ficam possuídas temos uma das mais macabras caracterizações de horror da história do cinema, uma visão autêntica de um corpo em decomposição ambulante. Também é o primeiro filme e possivelmente dos únicos onde uma mulher é violada por uma árvore. Portanto, também há aqui grande material e grande potencial horrorífico.

Aguardem pois ainda vem mais! (Pelo menos se eu tiver tempo para escever...:P)

4 comentários:

Mspirit disse...

O Evil Dead é uma trilogia que é uma evolução na demência: No primeiro o horror da situação destrói a personagem, no segundo ele entra em esquizofrenia total entre herói e vilão, e no terceiro é a loucura total com um filme completamente absurdo de heroic fantasy onde a personagem já se assume como um super bad guy caricatural.

My One Thousand Movies disse...

Óptimas escolhas. Se eu fosse falar de filmes de terror nunca mais daqui saía. lol

Sara F. Costa disse...

MOTM, eu confesso que cheguei a este ponto e fiquei cansada (lol) mas queria expressar o meu afecto por estes filmes...embora haja muitos outros! Ah, era giro também ver um especial de terror no MOTM. :)

Unknown disse...

Boa selecção de filmes, mas eu acrescentaria os filmes de série B de George Romero e o sublime Nigthmare Before Chrstimas (que é tanto um filme de Halloween como de Natal...)