terça-feira, 6 de julho de 2010

Confucius

Fazer um filme sobre a biografia de Confúcio pareceria algo pertinente e interessante. Confúcio era um filósofo ou, talvez numa definição mais precisa, um homem que deixou um legado de pensamentos relativos a uma ideologia de organização social nunca antes visto na história. O pensamento confucionista teve repercussões naquilo a que se veio a estabelecer, numa vertente mais política, como legalismo durante a dinastia Qin e teve também influência na percepção da ideologia taoista - na medida em que procurou estabelecer um pensamento mais consciente e moral nas noções de conformismo que o taoismo defendia. Não me vou alongar muito nisto!! Confúcio deixou muitos tomos escritos relativos a muitos aspectos diversos, alguns deles mais sociais e políticos e outros mais espirituais, mas acima de tudo foi um defensor do humanismo. O problema deste filme? Um Chow Yun-Fat numa das suas representações mais forçadas a par de um ideal militarista e estratega associado a Confúcio que simplesmente não se percebe! É também um filme que surge na sucessão do Avatar e que cria polémica porque pretende tirar a popularidade ao mundo dos navis. Então parece que fazer um filme que exprimisse ideais filosóficos não poderia bater um blockbuster americano, portanto, bora lá pôr o Confúcio aí a comandar umas tropas! Ora bem, não me parece que resulte! Sinceramente, se a ideia era esta, escolheram a personalidade histórica errada. Porque é que não pegaram na Arte da Guerra de Sun Zi? Isto sim, daria tanto para o lado militar como para a compreensão daquilo que eram os ideais de guerra aplicados a mercados económicos ou até a relações de liderança tanto na vida profissional como privada. E para além de porem o filósofo a comandar tropas, ainda  têm sempre que acentuar o lado falsamente ostentativo de todos os elementos decorativos do século V a.c. - porque eles na realidade não eram assim tão ostentativos como parece - e há demasiada gente a ajoelhar-se em frente a governantes e chefes militares durante o filme, demasiada gente a ajoelhar-se! Enfim, é pena que o guarda-roupa e os elementos cénicos soem tanto a propaganda estética (ao estilo Red Cliff) em detrimento de uma tentativa real de perspectivar emotivamente a histórica (como em Nanjing Nanjing). Contudo, estou optimista em relação ao facto de que a falta de popularidade do filme possa ter influencia nas futuras produções chinesas da hengdian! 

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