Esta tragédia da dívida e consequente
destruição social determinaram uma resposta ao longo de pelo menos dois
milénios antes da nossa era. Essa resposta foi consagrada nos primeiros livros
da Bíblia e, antes deles, nas práticas sociais correntes das sociedades mais
desenvolvidas do seu tempo, na Mesopotâmia e no Médio Oriente: o cancelamento
ou o perdão das dívidas.
Por imposição religiosa ou legal, ou
por ação dos reis, a dívida era perdoada e a propriedade devolvida ao escravo
liberto. De sete em sete anos, segundo a determinação bíblica, ou quando um
novo monarca se sentava no trono nas cidades da Suméria, no Egito ou na Grécia,
esse cancelamento das dívidas restabelecia a ordem social. O Jubileu era a
festa da libertação das dívidas e do regresso dos servos a casa.”
Mariana Mortágua e Francisco Louçã em
“A Dividadura”
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