quinta-feira, 10 de março de 2016

A importância da Guerra Fria na afirmação da Ásia-Pacífico


Foi o começo da Guerra Fria em finais de 1940 e inícios de 1950 que lançou a Ásia-Pacífico para o plano internacional, ultrapassando as dimensões locais e regionais tanto em termos políticos como em termos de estratégia militar. Com mais precisão, pode referir-se a Guerra da Coreia que começa em junho de 1950 como o marco da entrada da Ásia-Pacífico na escalada da Guerra Fria começada na Europa.

Contudo, ao contrário do que acontecia na Europa, onde a Guerra Fria dividia claramente dois protagonistas com campos ideológicos económicos e sistemas políticos definidos e distintos, o mesmo não ocorria na Ásia. As divisões eram menos evidente e a forma como o fim da Segunda Guerra Mundial e as suas consequências impactaram a Europa e a Ásia foi fundamental neste panorama. A guerra europeia foi uma disputa entre terrenos vastos e exércitos terrestres que acabaram numa divisão entre os vencedores ocidentais e os vencedores soviéticos.

A guerra na Ásia-Pacífico foi vencida essencialmente pelas forças navais e aéreas americanas, culminando em dois bombardeamentos atómicos. Não se pense, contudo, que a disputa pelo poder no continente asiático não se mantinha ativa, sobretudo a luta pela garantia da independência alcançada e contra o regresso dos poderes coloniais.

Embora a Guerra do Pacífico tenha fornecido uma estratégia racional para abordar a região como um todo, os aliados ocidentais vieram tratar o nordeste e o sudeste asiático de forma diferenciada. Enquanto os Estados Unidos concentraram os seus esforços na agressão ao Japão, os britânicos convergiam os seus interesses para o sudeste, Birmânia, Tailândia, Malaia (Federação), Singapura e Sumatra. Em julho de 1945, as Índias Orientais Holandesas, à exceção de Timor, assim como a Indochina a sul do paralelo 16 foram transferidas para o Comando do Sudeste Asiático sob a alçada do Almirante Mountbatten. A Indochina a norte do paralelo 16 foi atribuída à China sob o comando de Chiang Kai-shek.

Como ficou evidente depois do envolvimento dos EUA nas disputas da Indochina no final da década de 40, foi o advento da Guerra Fria que começou por conectar as duas sub-regiões tanto a nível local como global. Foi apenas durante essa fase que os resultados dos conflitos locais e lutas pela independência começaram a ter implicações na distribuição do poder e influência global. Por um lado, providenciando uma base para as elites locais procurarem apoio externo e, por outro, para os poderes estrangeiros fornecerem esse apoio em prol das suas próprias vantagens competitivas.  

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