segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Call For Submissions / Call for Poets




You try to get around in a city with more than 20 million inhabitants. The memories of dry winters and humid summers mix with the smells of stinky tofu and sweet durian in your nostrils. When you ride down the street in your orange shared bike, trying not to bump into the Mercedes blocking the hutong or the old man with the recyclable waste coming down the wrong side of the street, you don't fully understand the Didi driver when he calls you, but you know when he's upset. You don't know how to pay for stuff when there's no internet and you have a favorite boba and a favorite place to get drunk in Gulou or Sanlitun. When you're outside the country, you wonder why can't they deliver some barbeque at 2am in 30 minutes.

Once you woke up to the sounds of funerary gongs, saw the fires laid at some of the intersections of the city and felt a kind of melancholy. A feeling comparable to the feeling of displacement and insignificance conjured by the sight of the mega buildings drowning in fog, or the city's neon lights shining in the night.

You! We want you to send us your work!

“Urban fragments” is looking for your poetic input regarding your experiences in the Jing! Send us your best piece and enter a post-modern cyberpunk experience of the power of words in the digital era.  Poetry and short fiction accepted!  

Selected writers will participate in a Digital Art: Sound & Visuals piece and an E-Zine created by the Spittoon Arts Collective. 


Send your work to: 
sarafcosta@spittooncollective.com

Deadline: 
October 20th 2019

About Spittoon:
www.spittooncollective.com

segunda-feira, 22 de julho de 2019

Apresentação em Braga "A Transfiguração da Fome" de Sara F. Costa


25 de julho
18h30
Livraria Centésima Página

O livro vencedor do Prémio Internacional Glória de Sant'Anna para melhor livro de poesia publicado em países de língua portuguesa em 2018, “A Transfiguração da Fome" publicado pela Editora Labirinto será apresentado pela primeira vez em Braga na Livraria Centésima Página dia 25 de julho pelas 18h30. A apresentação do livro estará a cargo da Prof.ª Dra. Isabel Cristina Mateus.
Leitura de poemas pelo poeta Luís Aguiar.

"A Transfiguração da Fome, de Sara F. Costa, é uma longa narrativa sobre nós: tu, eu e o mundo. Essa história pode ser lida em várias direções, sem necessidade de início ou de fim: há fins antes de certos inícios, há fins depois de outros fins. Em qualquer dos casos, esse será um caminho de referências concretas, papéis no chão levados pelo vento, e metáforas, horizonte. Sara F. Costa prepara-nos uma cartografia exata, não apenas no rigor com que organiza a linguagem, mas também na delicadeza do silêncio: entre palavras, entre versos, entre o título e o início do poema." Jose Luis Peixoto, escritor.

"Eis o maior mérito do livro, o de nos desconcertar, através de imagens impactantes, esteticamente cuidadas (“Porque é que a pele seca dos transeuntes vem esfoliar no meu peito?”, “a harpa do pensamento é uma planta que morreu de overdose de delírio”), ou através de procedimentos gramaticais, como o de contornar voluntariamente a palavra amor (...) A transfiguração da fome é, acho eu, uma homenagem à palavra certa, essa que procuramos apenas para evocar o tu após termos derrubado todos os impérios." Teresa Moure, júri do Prémio Literário Glória de Sant'Anna.

"Não é nada fácil navegar por este turbilhão de teres, seres e sentires que a poeta labora neste extenso poema. Um poema de muitos poemas. Amores e desamores. Uma viagem de muitas viagens vertiginosas que fluem numa crescente desconstrução procurando um equilíbrio que irá desaguar na ruptura." Fernando Sales Lopes, poeta.





Sara F. Costa é licenciada em Estudos Orientais e Mestre em Estudos Interculturais: Português/Chinês pela Universidade do Minho em parceria com a Universidade de Línguas Estrangeiras de Tianjin, China. Tem recebido vários Prémios Literários nacionais na área da poesia. Foi autora convidada do Festival Internacional de Poesia e Literatura de Istambul 2017. Em 2018, fez parte da organização do Festival Literário de Macau e do Festival Internacional de Literatura entre a China e a União Europeia em Shanghai e Suzhou. Tem poemas traduzidos em várias línguas e trabalhos publicados em Revistas Literárias um pouco por todo o mundo, desde o Brasil à China. Atualmente reside em Pequim e é coordenadora da comunidade de escrita criativa de Pequim, Spittoon Arts Collective.









Isabel Cristina Mateus é licenciada em Línguas e Literaturas Modernas pela Universidade de Coimbra e Doutorada em Ciências da Literatura, Área de Especialização de Literatura Portuguesa (Moderna e Contemporânea) pela Universidade do Minho. Exerce atualmente as funções de Professora Auxiliar no Instituto de Letras e Ciências Humanas e de investigadora do Centro de Estudos Humanísticos (CEHUM). A sua área de investigação centra-se na Literatura Portuguesa dos séculos XIX (com especial destaque para Fialho de Almeida e Raul Brandão) e séculos XX a XXI.
É coordenadora da edição da obra completa de Maria Ondina Braga pela INCM (com Cândido Oliveira Martins (UCP), exercendo igualmente funções de dinamizadora do Espaço Maria Ondina Braga/Museu Nogueira da Silva.
É membro da Direcção da Associação Portuguesa de Escritores.
Tem colaborado em diversas revistas de especialidade nacionais e estrangeiras e é autora de vários estudos sobre autores da literatura portuguesa moderna e contemporânea, com destaque para o ensaio “Kodakização” e Despolarização do Real: Para uma Poética do Grotesco na Obra de Fialho de Almeida, Leya/Caminho 2008.






Luís Aguiar é licenciado em «Técnico Superior de Secretariado - Ramo de Assessoria de Direcção» pela ESTGA-UA e Mestre em «Línguas e Relações Empresariais» pela Universidade de Aveiro. Estudou, também, música clássica no Conservatório de Música Clássica Calouste Gulbenkian de Aveiro e fotografia analógica no Centro de Artes de São João da Madeira.
Foi colaborador assíduo do Diário de Notícias (DN Jovem) entre 2001 e 2007. Tem dezenas de poemas dispersos por jornais, revistas e antologias literárias.
Foi coautor na construção do maior poema contemporâneo, O Fulgor da Língua - O Estado do Mundo, promovido pela capital da cultura - Coimbra (2003).
Foi galardoado em vários prémios literários, alguns dos quais resultaram na publicação da obra. Em Março de 2017 foi distinguido com o Prémio de Poesia Judith Teixeira com a obra literária O muro onde a sombra persiste e em Setembro de 2016 foi premiado no XVIII Concurso Literário Manuel Maria Barbosa du Bocage (2016) com o trabalho poético Quantas madrugadas precisamos para fermentar um pão?.

domingo, 5 de maio de 2019

Entrevista Sara F. Costa em Pequim



Sara F. Costa no evento de Lijia Zhang

Sara F. Costa na Art Battle





- Onde reside e o porquê da mudança de Portugal para a China?
Estou a residir em Pequim há cerca de um ano. O meu marido recebeu uma proposta de trabalho interessante e decidimos mudar. A perspetiva de voltar a viver na China sempre esteve presente desde que estudei cá durante um ano de intercâmbio no meu mestrado na Universidade do Minho. Estudei mandarim e sempre trabalhei com a China a partir de Portugal depois de acabar os estudos. Contudo, esse ano de estudo ocorreu já há dez anos atrás. Ponderei a situação e achei que seria uma oportunidade para atualizar o meu conhecimento sobre a realidade chinesa contemporânea através de uma experiência de trabalho cá.

- A que profissão e/ou actividades se dedica?
Sou coordenadora de eventos de um coletivo artístico chamado Spittoon. Também dou aulas de inglês e português como língua estrangeira e produzo material didático de inglês para crianças. No entanto, quando me perguntam a minha profissão gosto simplesmente de dizer que escrevo poesia (risos).

- Esses trabalhos/projectos estão a desafiá-la de forma diferente relativamente ao que já fez?
Sim, sem dúvida, sobretudo na Spittoon estou a experienciar uma forma de trabalho numa estrutura horizontal e que não tem como objetivo o lucro. É o tipo de trabalho em que me revejo.

- O que é a Spittoon?
A Spittoon é um coletivo composto por artistas e escritores que pretende estruturar, unir e providenciar uma plataforma para a próspera comunidade artística e internacional da cidade. O trabalho desenvolvido pela organização passa por uma publicação online de ficção e poesia em inglês e chinês (www.spittooncollective.com), uma revista literária, eventos de leitura de poesia, leitura de ficção e eventos de Slam Poetry. Recentemente fundei o primeiro Workshop de Poesia da cidade.

- Tem atividades e eventos regulares e tem eventos pontuais?
Sim, temos um clube de leitura que por vezes traz autores convidados para falarem do livro que o clube está a ler. Recentemente fiz parte da organização do modelo internacional da Art Battle, uma competição de pintura organizada pela primeira vez este ano em Pequim. Organizamos ainda pontualmente um evento chamado “Spittunes” muito apreciado pela comunidade porque junta músicos com poetas que elaboram trabalhos originais e depois dão concertos em Pequim e noutros locais da China. Enfim, muita coisa e tudo muito interessante! Há sempre novas ideias que surgem do contacto entre os artistas. A Spittoon foi fundada há quatro anos pelo poeta britânico Matthew Byrne que já tinha experiência na criação de comunidades artísticas em Manchester, onde estudou escrita criativa. O modelo em Pequim está a funcionar particularmente bem porque a cena alternativa artística em Pequim está simplesmente a crescer exponencialmente. 

- Está plenamente integrada? Há diferenças na sociedade chinesa, relativamente ao tempo que estudou no país?
Os primeiros tempos em Pequim foram difíceis porque há muita coisa para assimilar. Tenho a vantagem de falar e ler mandarim, o que facilita imenso, mas mesmo tendo essa capacidade há outras dimensões da vivência numa cidade como Pequim que ultrapassam em muito a mera barreira linguística. A questão tecnológica é fulcral. Não sei se existe outro sítio no mundo tão digitalizado como a China neste momento. Há qualquer coisa de futurista e ligeiramente distópico aqui. As mais banais tarefas do dia-a-dia passam por um smartphone. Só para dar um exemplo, o uso de dinheiro em espécie é uma coisa antiquada. Existem várias carteiras digitais (wallets) que são utilizadas para qualquer transação, seja pagar, receber ou transferir dinheiro entre pessoas. Houve uma orientação central do governo para que todo e qualquer tipo de serviço aceitasse este pagamento e agora já não precisamos de andar com uma carteira, basta levar o telemóvel.


- Que projectos tem para os tempos mais próximos e mesmo para o médio prazo?
Os próximos projetos vão ser a organização de workshops de escrita criativa que encerrará com um retiro de escritores num templo taoista.

- E a sua carreira literária? Está a escrever um novo livro?
Tenho escrito diariamente e tenho-o feito em inglês, o que é novo para mim. Estou a preparar um trabalho de tradução de poesia chinesa contemporânea para português e, eventualmente, uma publicação da minha poesia em inglês.
A minha poesia tem sido traduzida em várias línguas. Por exemplo, tenho vários poemas que já foram traduzidos para espanhol e pulicados tanto em publicações em Espanha como no México. Até já encontrei poemas meus traduzidos em húngaro. Em breve farei parte de uma antologia de poetas portugueses a ser publicada na Roménia e noutra a ser publicada em Macau, ambas organizadas pelo poeta António M R Martins. Também tenho por cá publicado poesia em inglês na revista literária “A Shanghai Poetry Zine”.

- Que balanço faz desse trajecto criativo, que – segundo me parece – já leva mais de uma década? Os melhores momentos, os mais difíceis, o processo criativo e como evoluiu (se é que evolui) …
Eu penso que tem sido um trajeto muito estável e consistente. Não posso deixar de mencionar que quando entrei no mundo do trabalho me deparei com situações difíceis devido à escassez da empregabilidade e à própria experiência de trabalho em si que nem sempre é muito gratificante nas situações sucessivamente precárias em que estive. Orgulho-me de todos os projetos que levei a cabo a nível profissional, mas o percurso nem sempre foi fácil e nesses momentos foi quando a minha produção literária deixou de existir. A partir do momento em que existe conforto e estabilidade no trabalho, torna-se muito mais fácil conseguir dedicar-me ao meu trabalho artístico e neste momento sinto que estou numa altura de grande energia criativa.

- Creio que tem estado ligada a projectos culturais em Macau. A cidade/território é sempre apontada como a grande ponte entre Portugal e China. Como vê esta questão e como caracteriza a cidade, nomeadamente do ponto de vista cultural?
Em 2012 participei numa conferência do Fórum de Macau sobre o ensino de português como língua estrangeira, fiz parte da organização do Festival Literário de Macau de 2018 e fiz algumas apresentações académicas na Universidade de Macau. Acho que Macau e as suas instituições de ensino desempenham um papel muito importante no contacto cultural entre a China e a lusofonia. Macau é, sem dúvida, uma plataforma de contacto entre realidades que acaba por produzir a sua própria realidade: multiétnica, multicultural, multilinguística e com imenso potencial para desenvolver ainda mais plataformas de comunicação entre a lusofonia e a China.

- Como lê o nosso país à distância? Está atenta às questões políticas, sociais, culturais…?
Sim, claro, estou sempre atenta ao que se passa em Portugal, gosto de me submeter constantemente a processos de aculturação, mas, honestamente, tenho muito orgulho no nosso país. Portugal tem uma história democrática relativamente recente por isso é natural que seja um país em constante evolução na consolidação dos seus valores democráticos que passam também pela consolidação do seu estado de direito. Nos últimos tempos, do que me é possível observar, acredito que a sociedade portuguesa está gradualmente mais progressista e se estão a levantar debates de extrema importância – como a integração de minorias étnicas ou as questões de género. Não digo que o estado de coisas me satisfaça ainda mas tenho esperança e acredito que as coisas estão a evoluir. Política e economicamente, estamos há muitos anos condicionados por forças externas e sistemas globais vigentes que afetam Portugal de uma maneira negativa. São os jogos internacionais de poder que infelizmente não permitem o país evoluir para uma situação económica mais estável. A situação económica do país afeta também a cultura mas o que é possível perceber, globalmente, é que Portugal é uma país profícuo na produção cultural e artística, com imensa gente com um talento enorme, por vezes, por descobrir. 


- Como é que o nosso país é visto/percepcionado por aí?
Ronaldo e Figo (risos). Fico surpreendida com o interesse dos chineses por futebol, começa a ser realmente popular. Ao nível da população chinesa em geral, Portugal é percecionado como um país pequeno ao lado de Espanha, normalmente não têm uma ideia muito definida. Do ponto de vista das ações políticas, acredito que Xi Jinping e o PCC sabem muitíssimo sobre Portugal e como estabelecer cooperações diplomáticas e económicas com Portugal. Penso que para o governo chinês, Portugal é percecionado como uma plataforma dual que possibilita uma entrada na Europa enquanto também é útil para o estabelecimento das relações entre a China e outros países de expressão portuguesa.



Sara F. Costa a vender revistas da Spittoon Literary Magazine

Sara F. Costa cria o primeiro Workshop de Poesia de Pequim

Sara F. Costa cria o primeiro Workshop de Poesia de Pequim